Os principais combustíveis para veículos leves no Brasil são a gasolina C - que é uma mistura da gasolina A, resultante da destilação fracionada do petróleo e do etanol anidro – e o etanol hidratado. Por esta importância, criou - se um arcabouço institucional para orientar e regular o funcionamento das atividades do setor de combustíveis, inicialmente para a gasolina, tendo sido o etanol hidratado contemplado por tal dispositivo em 2011. A partir de 2003, houve o surgimento, no Brasil, dos veículos flex - fuel, popularmente conhecidos como “bicombustíveis”. Com isto, vislumbrou - se a possibilidade de ativação de um fator adicional para a regulação dos preços dos combustíveis veiculares: o aumento do poder do consumidor em definir qual dos combustíveis poderia utilizar, conforme a disposição dos preços dos mesmos.
Um dos efeitos do crescimento da frota flex - fuel foi o aumento da produção e dos investimentos no etanol (em especial o da cana de açúcar) como uma alternativa plausível ao combustível mais utilizado (gasolina C), quando não, assumindo este posto. Esperava-se que a formação dos preços dos combustíveis fosse menos dependente de seus custos de produção e distribuição e pudesse ser mais influenciada por uma pressão da demanda do consumidor. Entretanto, o aumento em larga escala da frota bicombustível em circulação no Brasil nos últimos anos acabou não tendo sido o fator de determinação dos preços dos combustíveis veiculares que se era esperado. A explicação disto está em fatores externos à indústria automotiva, ligados às estruturas da cadeia produtiva do petróleo e do etanol, principalmente à questão do grande aumento dos preços internacionais do petróleo e do etanol hidratado no mercado internacional nos últimos anos.
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