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Autor: Fernando Nogueira da Costa

 

A busca por uma analogia entre a economia e a física reflete tanto a aspiração de cientistas econômicos por status quanto o pragmatismo de físicos que enxergam no mercado financeiro uma oportunidade de aplicação prática de seus conhecimentos. Nesse contexto, a ideia de uma "física social" surge como tentativa de ampliar o escopo da análise econômica, incorporando interações sociais, fluxos de informações e trocas de ideias para explicar o comportamento humano e os sistemas econômicos como redes complexas e dinâmicas.

Inspirada na mecânica clássica de Newton, a economia neoclássica utilizou leis físicas como metáforas para o funcionamento dos mercados. Conceitos como a "mão invisível" de Adam Smith remetem à gravitação universal, sugerindo que forças de atração e repulsão entre agentes econômicos conduzem o sistema a um equilíbrio automático. Contudo, essa visão mecanicista ignora a complexidade das interações sociais, a influência de instituições e a dinâmica histórica que molda os mercados.

Os avanços na análise econômica ampliaram o foco para além da racionalidade atomizada dos agentes. A economia comportamental e as finanças comportamentais, por exemplo, exploram como vieses cognitivos, expectativas e interações sociais afetam decisões individuais e coletivas. Já a econofísica aplica métodos da física moderna, como processos estocásticos e teoria do caos, para descrever fenômenos econômicos que emergem da interação de múltiplos agentes em sistemas complexos.

No mercado financeiro, o uso de algoritmos e estratégias de alta frequência destaca a influência crescente da tecnologia na dinâmica de preços e decisões de investimento. Esses sistemas automatizados, embora eficientes, aumentam o risco de volatilidade extrema e desconfiança nos mercados, refletindo a tensão entre previsibilidade técnica e as incertezas inerentes ao comportamento humano e social.

Além disso, os efeitos de rede, como externalidades positivas decorrentes do aumento de usuários de um serviço, ilustram como os mercados se comportam como sistemas interconectados. Exemplos incluem redes sociais digitais e plataformas de compartilhamento, cuja utilidade cresce exponencialmente com a base de usuários. Contudo, esses sistemas também enfrentam limites de saturação e congestionamento, demonstrando que o crescimento infinito é impossível sem ajustes estruturais.

O estudo da economia como sistema adaptativo e dinâmico se afasta das premissas de equilíbrio geral, focando em processos históricos e dependências de trajetória. Eventos passados moldam estruturas e possibilidades futuras, tornando o contexto institucional e social essencial para compreender a evolução econômica. A teoria keynesiana, por exemplo, propõe que o gasto público compense a retração do consumo privado em crises, desafiando a ideia de austeridade fiscal como solução universal.

Finalmente, a analogia com a física relativística de Einstein oferece uma visão mais contemporânea da economia como um sistema em constante mudança, onde o tempo e o espaço econômico são relativos às condições contextuais. Essa abordagem reconhece a interdependência dos agentes e a imprevisibilidade dos fenômenos macroeconômicos, reforçando a necessidade de uma perspectiva holística para enfrentar os desafios do crescimento sustentável e da estabilidade social.