Linnit Pessoa e Fernanda Feil | Carta Capital 

 

A iminência da crise climática e a catástrofe que se aproxima é cada vez mais evidente. Segundo o último relatório do Painel Internacional sobre Mudança Climática, os incrementos verificados nas concentrações de gases de efeito estufa são inequivocamente causados pelas atividades humanas. As mudanças climáticas afetam a segurança alimentar, o acesso à água e as condições de habitação. Eventos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais são cada vez mais frequentes. Somente em 2020, 15 milhões de pessoas foram desalojadas em razão de desastres climáticos – de acordo com dados do Climate Vulnerabile Fórum. A manutenção do padrão e das condições de vida que conhecemos hoje está ameaçada, e será agravada se não cumprirmos a meta – já desafiadora – de manter o aquecimento global em até 1,5ºC em relação ao nível pré-industrial até 2050.

Os desafios são gigantescos. Dada a magnitude da ruptura necessária, a atenuação da catástrofe ambiental exige uma alteração profunda e imediata na forma como nos relacionamos em sociedade, com uma reordenação completa dos modos de produção e consumo. As ações precisam ser rápidas, abrangentes e ambiciosas, e a coordenação deve ser global, inclusiva, com mudanças em todos os setores da economia, do desenvolvimento social e regional. Diversificar a economia, construir modos alternativos de crescimento, coordenar ações globais e melhorar a distribuição de renda, riqueza e poder mediante políticas “verdes” alinhadas com políticas macroeconômicas, sociais e financeiras mais democráticas no tempo necessário requer planejamento e coordenação.

Enfrentar os desafios das próximas décadas requer um amplo processo de mudança estrutural que deve ser realizado por todos os países – independentemente de sua posição econômica, da soberania de sua moeda, do seu nível de renda, de sua influência geopolítica e de seus recursos. Nesse sentido, o investimento público é uma ferramenta fundamental para transformar a estrutura produtiva de economias de mercado. A elevada incerteza que cerca os investimentos imperativos a transição para uma economia sustentável torna imprescindível que o Estado atue ativamente nesse processo, com intencionalidade, dirigindo o mercado, assumindo riscos, promovendo, coordenando e conduzindo os investimentos verdes, criando novos mercados, produtos e serviços que não seriam criados se não fosse a atuação do setor público.

 

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