Ricardo Buratini, José Augusto G. Ruas e Luiz G. Belluzzo | Le Monde Diplomatique
O setor elétrico novamente surpreende o país. Um observador atento aos movimentos recentes certamente está perplexo. Graças ao trágico desempenho econômico no último quinquênio, na virada da última década, o consumo de energia ainda permanecia no mesmo patamar de 2014. Como explicar que, diante de tal desempenho, estejamos sob risco de racionamento?
O problema não é insuficiência de capacidade instalada. Para uma demanda de 70 GW, temos mais de 170 GW de potência. Como o parque gerador é predominantemente hidrelétrico, uma resposta apressada apontaria, então, que a causa da crise só pode ser a falta de chuvas. Na formação da escassez, porém, é preciso separar o que se deve à natureza e o que se deve aos homens.
A natureza já vem nos alertando há anos. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), o déficit de precipitação acumulado nos últimos 10 anos em algumas bacias supera o volume total das chuvas médias anuais. Desde 2014, a energia gerada pelo conjunto das usinas hidrelétricas se situa sistematicamente abaixo da garantia física do sistema, que é a capacidade de geração de todo o parque considerando afluências dentro da normalidade.
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