José Luis Fiori e William Nozaki | Le Monde Diplomatique
A história do desenvolvimento econômico e da origem da teoria econômica clássica possui três dimensões que costumam ser convenientemente esquecidas pela “narrativa liberal”.
A primeira é que o Estado ocupa um papel estratégico no desenvolvimento econômico das nações. Sem o poder estatal não haveria as rotas comerciais das cidades-estados italianas, a expansão colonial ibérica, a revolução comercial holandesa, assim como as revoluções industriais inglesa, francesa e mais tarde a norte-americana. Mais ainda, sem o poder estatal não haveria o desenvolvimento tardio da Alemanha, Rússia e Itália, ou o desenvolvimento a convite de Japão e Coreia do Sul, para não mencionar os casos recentes de planejamento estatal exitoso na China e no Vietnã neste início do século XXI.
A segunda dimensão histórica oculta pelo liberalismo econômico é a do nascimento da economia política clássica, que está ligada diretamente à necessidade dos reinos e primeiros Estados em aumentar o excedente econômico para atender necessidades fiscais, territoriais e navais, além de obrigações com a garantia de alimentação e saúde para os cidadãos, como fica explícito nas recomendações do pioneiro William Petty ao Estado inglês.
A terceira dimensão esquecida pelos liberais é que a própria teoria econômica do livre-cambismo e do livre-comércio, de Adam Smith e David Ricardo, só surgiu e se impôs como uma “teoria hegemônica” e como uma “política econômica vitoriosa” depois que a Grã-Bretanha já havia conquistado Irlanda, Escócia, vencido a “Guerra dos 7 Anos” e lançado o seu controle colonial sobre os Estados Unidos, o Canadá e a parte mais rica da Índia, mantendo uma rigorosa proteção sobre a sua indústria naval e têxtil.
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