Luiz Fernando de Paula e Mateus Coelho Ferreira | Na A Terceira Margem
O episódio da pandemia do Coronavírus (Covid-19) e os efeitos adversos causados pelas medidas de isolamento social pela consequência direta no fechamento parcial ou total da maioria das empresas e prestadoras de serviços, vem se apresentando um cenário bastante desafiador para concessão de crédito no Brasil especialmente em relação às micros, pequenas e médias empresas (MPME). Isso acontece diante da necessidade crescente dos diferentes setores da economia em obter recursos suficientes para conciliar uma queda brutal das suas vendas esperadas em relação as suas obrigações financeiras. Por outro lado, o aumento da incerteza sobre os rumos da economia incentiva o sistema bancário a promover um racionamento de crédito, isto é, uma seleção mais cautelosa dos seus clientes, assim, apertando as condições de financiamento da economia.
Este fato se agrava pela percepção negativa de como o consumo das famílias e os investimentos privados poderão reagir na flexibilização gradual das atividades e nas possíveis mudanças de comportamento pós-pandemia, em função das dúvidas quanto a extensão da crise sanitária no Brasil. Neste caso, as pequenas e médias empresas acabam sendo as mais afetadas, com seus pedidos de empréstimos sendo recusados, normalmente pela falta de garantias, ou tendo que aceitar taxa de juros mais elevadas. De fato, os dados do Banco Central do Brasil entre 16 de março e 15 de maio de 2020 (2 meses) apontam que foram concedidos no total R$ 441,8 milhões, porém, com uma desigualdade evidente, no qual foram destinadas: 57, 9% para grandes empresas, 22,6% para pessoas físicas, 11,6% para as médias e apenas 7,9% para micro e pequenas.
Diante deste cenário fica claro que uma medida inicialmente necessária seria criar um mecanismo para aliviar o risco de crédito do sistema bancário e ao mesmo tempo dar condições mais favoráveis para o tomador. Portanto, o governo foi impelido para criar programas oficiais de financiamento com garantia de recursos públicos capazes de atingir essas empresas em maiores dificuldades de acesso ao crédito.
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O que fazer para o crédito chegar nas micro e pequenas empresas?
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