Luiz Fernando de Paula e José Luis Oreiro | No Valor
A decisão do Copom de elevar em 17 de março a taxa Selic em 75 pontos, de 2,00% para 2,75% ao ano, a primeira alta em seis anos, sinalizando que a taxa pode ir a 3,5% na próxima reunião e possivelmente a 4,5 e 5,0% até o fim do ano, levanta a discussão a respeito da pertinência e das consequências da mudança na condução da política monetária.
Aqueles que defendem tal elevação sustentam que a medida se justifica pela alta no IPCA, alcançando uma taxa anual acumulada de 5,2% em fevereiro deste ano, possivelmente mirando, dada a alta ociosidade da capacidade produtiva e do elevado desemprego, a reversão da desvalorização da moeda, uma vez que a alta inflacionária tem resultado da combinação entre elevação de preços de commodities e depreciação cambial, ou seja, um choque negativo tipicamente de custos.
Em termos técnicos, uma das justificativas para tal decisão é o chamado “teorema da paridade descoberta da taxa de juros”, que estabelece que os retornos de dois ativos substitutos perfeitos, expressos em moedas diferentes, devem ser iguais. Deste modo, a taxa de juros doméstica deve ser igual à taxa de juros internacional somada da expectativa de desvalorização nominal da taxa de câmbio, somada ao risco-país. De fato, a desvalorização nominal da taxa de câmbio foi de 22% de fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021, o que em tese justificaria a alta na taxa Selic.
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