Elias Jabbour | Diplomatique Brasil
Acabo de ler o famoso documento lançado por intelectuais marxistas ou “críticos” badalados por nossas bandas. David Harvey, Slavoj Zizek, Alan Badiou e mais uma dezena de pensadores se colocam a pensar no mundo do entre e pós-pandemia. Sob o título de “Sopa de Wuhan” percebe-se um esforço de compreensão do futuro imediato sob as lentes de um pensamento crítico de esquerda com amplo espaço em nosso país.
Pois bem, a ideia aqui não é fazer uma resenha do documento que está disponível livremente em PDF na internet e poderá ser facilmente acessado.
O objetivo é o de demonstrar certa perplexidade sobre o esforço de todos esses renomados intelectuais em exilar a China como parte fundamental do mundo pós-pandemia. Percebe-se no documento, além de um eurocentrismo cujos graves limites de análise são inversamente proporcionais à sua aceitação no seio da esquerda brasileira, mais um retorno a teses que relacionam o regime chinês a um “despotismo oriental” que um dia ocupou as visões distorcidas de Aristóteles, Voltaire e Wittfogel sobre o Império do Meio.
Cheio de dogmas, o marxismo ocidental ressuscitou essa abordagem do “despotismo oriental”, como pode se perceber em um dos artigos do compêndio assinado por Byung-Chul Han para demonstrar que a China, após a pandemia, poderá ter o monopólio da exportação das tecnologias digital que cercam a formação daquele “Estado policial”. Ademais, Alain Badiou antes de classificar a China como o “próximo imperialismo” poderia nos ter brindado com uma análise das diferentes filosofias que surgiram no Mediterrâneo Oriental e nos vales dos rios Yangtsé e Amarelo e a influência que as mesmas exercem nas relações exteriores dos Estados Unidos e China. Como mostrarei, Zizek não precisaria apelar a um tipo medieval de “comunismo” como resposta aos desafios contemporâneos da humanidade. Mas nada novo além dos mesmos desconhecimentos.
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