Ernani Teixeira Torres Filho | Carta Capital

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia começou em 24 de fevereiro de 2022. Em resposta, os Estados Unidos impuseram severas sanções monetárias e econômicas ao país agressor. Com isso, acionava-se, mais uma vez, o principal artefato militar desenvolvido pelos EUA no século XXI: a “bomba dólar”.

Trata-se de nova arma capaz de promover a ampla desconexão de um país do sistema financeiro internacional. Os EUA podem colocá-la em movimento sem precisar da cooperação de aliados, mobilizando para isso apenas algumas dezenas de funcionários de seu Departamento do Tesouro. Essas equipes, por sua vez, usam a centralidade do sistema financeiro americano e a regulação financeira em vigor ao redor do mundo para conscrever as instituições que operam nesse setor. A bomba dólar foi bem-sucedida todas as vezes em que foi acionada, porém sua aplicação até agora havia se restringido a um número pequeno de economias, todas de menor porte e pouco expostas ao sistema financeiro internacional.

O caso do Irã é bastante ilustrativo do impacto da nova arma. Entre agosto de 2018, quando as sanções foram impostas, e janeiro de 2020, quando estourou a crise da Covid, a inflação local passou de menos de 10% para mais de 50% ao ano. A taxa de câmbio no mercado paralelo saiu de pouco mais de 40.000 ryals por dólar e chegou a quase 200.000 ryals. Houve ainda uma contração de mais de 13 pontos percentuais do PIB. Os efeitos sobre os mercados locais de crédito e de capitais também foram devastadores. Em resposta, o governo foi obrigado a intensificar o uso de mecanismos de controle de danos, tais com a centralização do câmbio e das operações financeiras e comerciais com o exterior.

 

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