NOTÍCIA
O Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) do Instituto de Economia da Unicamp divulga o artigo “Jornada de trabalho na escala 6x1: a insustentabilidade dos argumentos econômicos e uma agenda a favor dos trabalhadores e das trabalhadoras”, de Pietro Borsari, Ezequiela Scapini, José Dari Krein e Marcelo Manzano. O trabalho destaca o crescente movimento social pelo fim da jornada 6x1, que tem mobilizado trabalhadores e trabalhadoras insatisfeitos com condições de trabalho precárias e jornadas exaustivas.
A publicação aponta que a escala 6x1, que prevê seis dias consecutivos de trabalho seguidos de um único dia de descanso, reflete a subordinação do tempo de vida ao trabalho, desorganizando a vida pessoal, reduzindo os rendimentos e ampliando o adoecimento físico e mental. Dados do INSS indicam que, em 2022, mais de 209 mil afastamentos ocorreram por transtornos mentais relacionados ao trabalho. Além disso, jovens trabalhadores enfrentam taxas alarmantes de acidentes e problemas de saúde mental, como revelado pelo Dossiê Fiocruz.
Os argumentos contrários ao fim da jornada 6x1, muitas vezes baseados em temores econômicos como aumento de custos e desemprego, são refutados na análise. A análise compara o Brasil a países que já reduziram as jornadas de trabalho, mostrando que tais mudanças não apenas são viáveis, mas promovem ganhos em saúde e produtividade. O levantamento destaca que o custo do trabalho no Brasil é baixo em comparação internacional, enquanto a jornada anual de trabalho está entre as mais altas do mundo.
Os autores enfatizam que abolir a escala 6x1 é um passo para a redução geral da jornada de trabalho, preservando os salários e distribuindo os ganhos de produtividade. Essa mudança poderia beneficiar trabalhadores e estimular a economia, com efeitos positivos sobre o consumo e a qualidade de vida.
O texto também apresenta uma agenda abrangente em defesa dos trabalhadores, incluindo a redução da informalidade, melhores condições de trabalho, ampliação da proteção social e fortalecimento das instituições públicas de regulação. Segundo os autores, “a luta pela justiça social começa com a reivindicação do tempo: o trabalho deve ser um meio de proporcionar uma vida plena e humanizada.”