MÍDIA
Marco Antonio Rocha | Jacobin
Apesar de todo o alarde e da confusão gerada com o anúncio das discussões preliminares sobre a construção de uma moeda comum ao Mercosul realizado pelo novo governo, a proposta significaria, em termos práticos, a ampliação e melhoria de alguns instrumentos já existentes. O que não deixa de ser um esforço importante, dado os problemas estruturais enfrentados pelo Mercosul. Ainda assim, sem um conjunto de iniciativas complementares pouco mudará na realidade do bloco.
O Mercosul – criado em 1991 e pensado de forma seminal no estudo dirigido por Raul Prebisch em 1959 – seria um instrumento de desenvolvimento econômico dos países membros, possibilitando maior aproveitamento das escalas produtivas da indústria da região e maior integração comercial entre os países do Cone Sul. Passados mais de 30 anos, o que os dados indicam não é muito animador, o comércio intrabloco evoluiu para uma menor complementaridade comercial entre o Brasil – a maior economia do bloco – e os demais países membros, há déficits persistentes entre as demais economias do bloco e o Brasil e a produção manufatureira vem perdendo espaço para a produção asiática ano após ano.
Além de uma série de questões políticas, como o crescente desinteresse do Uruguai no formato atual do bloco, há dificuldades históricas que pesam desde sempre, como a baixa integração das cadeias produtivas da região, a dificuldade em se ampliar o comércio interno ao Mercosul – dada a baixa competitividade industrial dos países membros – o baixo crescimento da economia brasileira e a falta de coordenação entre as políticas científicas, tecnológicas e industriais no interior do bloco. Atualmente, a importância relativa, o interesse e a perspectiva sobre a evolução do bloco é bem distinta para cada um dos países.
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