MÍDIA
Douglas Gavras e Eduardo Cucolo | Folha de SP
A nova prévia do programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recicla políticas econômicas já adotadas por gestões petistas e não deixa claro quais são as fontes de financiamento para bancá-las, na avaliação de economistas ouvidos pela Folha.
A proposta surpreendeu pelo tom heterodoxo, com o resgate de ações que não deram bons resultados, avalia um economista de uma gestora de recursos que pediu para não ser identificado.
Apesar de considerar um ponto positivo o recuo quanto à revogação da reforma trabalhista, o gestor avalia que faltam mais informações sobre a substituição do teto de gastos e critica a previsão de usar bancos públicos para resolver o problema do endividamento das famílias e forçar instituições privadas a cortar as taxas de juros, além do combate à inflação via intervenção no preço dos combustíveis e controles setoriais.
Já Marco Antonio Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirma que o programa está alinhado às políticas econômicas posteriores à pandemia que vêm sendo adotadas pelas grandes economias desenvolvidas. No caso brasileiro, no entanto, falta definir de onde sairiam os recursos para financiar todos os gastos necessários para reconstruir políticas públicas já adotadas em outras gestões petistas.
O professor da Unicamp, que não participou da elaboração do documento do PT, também afirma que apenas a tributação dos mais ricos, com a criação de uma estrutura tributária mais progressiva, não é suficiente para bancar todas as políticas propostas. Por isso, será necessário aguardar um detalhamento sobre a proposta de substituição do teto de gastos por outra regra fiscal.
"Isso que falta em relação a esses programas que a gente está vendo na Europa, nos EUA etc. no pós-Covid. Todos preveem cifras bem robustas para esses desafios. A dúvida que fica é como vai ser a adequação dos recursos para que isso saia do papel [no Brasil]", afirma Rocha.
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