Caroline Marino | Época Negócios

Na era da transformação digital, todas as estradas conduzem à rede. Digitalizam-se serviços, processos, interações, cadeias de suprimentos, plataformas e quaisquer transações entre empresas ou com consumidores finais. Nada escapará ao vórtice digital, na definição determinista do pesquisador britânico-canadense Mark Wade.

Por isso, o volume de dados em trânsito pelo mundo cresce num ritmo que desafia qualquer comparação. Por hora, o tráfego global da internet em 2007 era de 100 Gb. Hoje, passa de 160 milhões de Gb, segundo levantamento da Cisco. O tráfego, só no ano de 2022, vai superar a soma dos últimos 30 anos, aponta o relatório Visual Networking Index (VNI).

Hoje, o grande fator multiplicador de tráfego são os serviços de streaming de vídeo, de empresas. Companhias também dependem crescentemente da qualidade de transmissões de vídeo, para treinamentos e teleconferências. O vídeo vai ganhar competição crescente por espaço nas redes, com o advento da internet das coisas, frotas de carros autônomos, smart cities e uso difundido de realidade aumentada e virtual. “Com a inserção de mais tecnologias inovadoras nos serviços, como streaming em 3D, as pessoas podem sentir a perda de qualidade. O mundo todo se preocupa com isso, tanto empresas quanto universidades”, afirma Marcio Wohlers de Almeida, professor do Instituto de Economia da Unicamp e estudioso de redes.

As mudanças à vista no momento, embora benéficas, não serão indolores. As redes 5G, com maior capacidade de transmissão e menor latência (tempos de resposta) em relação à 4G, deve nos dar algum fôlego. A nova rede, porém, exige maior densidade de antenas, mais investimento e ação coordenada das empresas com os reguladores. No quadro geral dos negócios de telecomunicações, a fatia das fibras ópticas deve encolher e a dos satélites, aumentar. Com tantas peças se movendo ao mesmo tempo, Wohlers, da Unicamp, reforça a importância da colaboração entre empresas, governos e academia.

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