MÍDIA

Lucianne Carneiro | Valor

Seis milhões de desempregados no país estão sem trabalho há mais de um ano. Desses, são 3,8 milhões buscando vaga por mais de dois anos. Na pandemia, avançou a parcela dos que estão sem trabalho há muito tempo no Brasil, o chamado desemprego de longa duração. A proporção dos que procuram ocupação há mais de dois anos subiu de 23,9% no primeiro trimestre de 2020 para 26,1% no segundo trimestre de 2021. O aumento foi ainda maior no grupo que está desempregado por um período entre um e dois anos: passou de 6,7% para 15,1%, considerando a mesma base de comparação.

Juntos, os dois grupos reúnem 41,2% dos 14,4 milhões de desempregados brasileiros do segundo trimestre de 2021. No início de 2020, eram 30,6% do total dos trabalhadores sem ocupação no país. Os números são de estudo feito com exclusividade para o Valor pela consultoria IDados, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Denis Maracci Gimenez cita também a ampliação das chamadas descontinuidades ocupacionais - quando o trabalhador muda de atividade - e também um efeito de desorganização da força de trabalho.

“É o fenômeno da ‘viração’, o sujeito se vira porque precisa de renda. Faz trabalho de pintor de manhã e de segurança à noite, por exemplo. Historicamente, há no país uma estratégia de sobrevivência, que se exacerba com o avanço dessa parcela de desempregados há mais tempo”, aponta

Mais do que um fenômeno provocado pela pandemia, o desemprego de longa duração foi intensificado por ela, afirmam economistas. A crise atual atingiu o mercado de trabalho antes que tivesse se recuperado da anterior, de 2015/2016. Mesmo com a volta do crescimento econômico, o ritmo foi insuficiente para melhora consistente e o mercado se manteve com taxa de desemprego elevada e parcela grande de informais entre os ocupados.

“O desemprego de longo prazo sempre tem a ver com o prolongamento de crises econômicas, e não com questões conjunturais de curto prazo. A partir de 2017, o mercado voltou a gerar vagas, mas insuficientes para reduzir de maneira significativa a taxa de desemprego e com um padrão de emprego de baixa performance, muito precário”, explica Gimenez.

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