MÍDIA

Marcelo Roubicek | Nexo

 

O Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou na quarta-feira (21) a manutenção da taxa Selic no patamar de 13,75% ao ano. A decisão marca o fim do ciclo de alta da taxa básica de juros da economia brasileira, iniciado em março de 2021.

A decisão do Banco Central ocorre a 11 dias do primeiro turno da eleição que definirá quem irá ocupar a Presidência da República entre 2023 e 2026. A corrida é liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL).

Nos primeiros dois anos do novo mandato presidencial, o comando do Banco Central continuará com Roberto Campos Neto – isso por causa da lei da autonomia da instituição, sancionada no início de 2021. Neste texto, o Nexo relembra a atuação da autoridade monetária sob Campos Neto e ouve economistas sobre o que esperar do Banco Central a partir de 2023.

Economistas ouvidos pelo Nexo colocaram opiniões divergentes com relação à ação do Banco Central sob Campos Neto – embora tenham concordado que a sequência de pandemia, guerra e aceleração global da inflação tenha representado um desafio enorme para a autoridade monetária.

Renan Pieri, economista da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), afirmou que, no geral, a “direção da política monetária foi correta”. “O grande desafio foi calibrar a política monetária para levar em conta dois fatores que se chocam: por um lado, preços mais altos, que pedem uma Selic mais alta; e por outro lado, a queda do PIB [Produto Interno Bruto], que demandaria taxa de juros mais baixas para incentivar a economia”, disse. A escolha tomada foi a de priorizar o combate à inflação.

Já Simone Deos, professora de economia da Unicamp, disse que a atuação nos primeiros momentos da crise sanitária – reduzindo a Selic a 2% ao ano – foi “ousada” e “surpreendente para muitos”. Mas a professora criticou o ciclo de alta que começou em março de 2021, lembrando que, na comparação internacional, ele começou mais cedo que em outros países e foi mais intenso que em outros locais. Ou seja, ela discorda de Pieri com relação ao momento de início dos aumentos.

“Fizemos uma política monetária excessivamente contracionista. É uma política monetária que impõe vários custos ao país”, disse. Deos afirmou que a taxa de juros mais alta significa que a população no geral terá menos acesso a crédito, mas também que as pessoas que detêm títulos do Tesouro Nacional – geralmente mais ricas – serão melhor remuneradas por isso. “É uma política de transferência de renda para a parcela mais rica da população, de forma muito intensa”, disse.

 

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