Marcelo Roubicek | Do Nexo Jornal
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (31) revelou que a taxa de desemprego no Brasil no segundo trimestre de 2019 ficou em 12%.
O resultado representa uma queda em relação aos primeiros 3 meses do ano, quando a taxa de desocupação ficou em 12,7%.
Qual a tendência para a trajetória do desemprego até o final do ano?
Pedro Paulo Zahluth Bastos: O que temos que olhar é a questão da demanda agregada. Você tem aumento do emprego com baixíssima demanda agregada. Do ponto de vista do consumo, percebe-se que as famílias estão mais endividadas em parte por causa da queda do rendimento médio dos trabalhadores. O investimento das empresas não vai se recuperar sozinho, porque as empresas também estão começando a indicar que o principal problema para elas não é se elas confiam ou não nas promessas do Bolsonaro. O principal problema é a demanda agregada. As exportações caíram no primeiro semestre comparado com o mesmo período do ano passado. E as importações ficaram estagnadas, o que significa que a demanda agregada local não está aumentando a ponto de exigir mais importações.
O que é incerto é a reação do governo. O governo Bolsonaro contribuiu para a piora do desemprego no primeiro trimestre porque realizou cortes orçamentários muito fortes no primeiro trimestre. Se o governo insistir naquilo que chamamos de austeridade expansionista - a ideia de que cortar gastos gera um efeito de aumento da confiança dos empresários, que os levaria a investir independentemente de seus índices de capacidade ociosa e expectativas de demanda - teremos problemas para a economia e para o emprego no segundo semestre. É esse o cenário de incerteza. Mas o que eu aposto é em uma estagnação da demanda agregada com uma eventual redução da taxa de desemprego por conta do aumento da taxa de participação e emprego por conta própria. Mas com baixíssimo aumento do emprego integral e formal.
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