Carlos Drummond | Carta Capital

 

Os primeiros movimentos político-diplomáticos do primeiro-ministro Xi Jinping e do presidente eleito Lula após o pleito de outubro parecem confirmar as expectativas de vários economistas de que tende a ocorrer uma maior aproximação entre China e Brasil a partir da mudança do quadro político no País, com desdobramentos na economia. Xi foi um dos primeiros chefes de Estado a telefonar para Lula pouco depois da proclamação da vitória do petista e este já anunciou que visitará a China logo no início do mandato, em uma agenda de países prioritários que inclui a Argentina e os Estados Unidos.

O ambiente de dificuldades na economia mundial, com baixo dinamismo, risco de recessão e predomínio de políticas de austeridade dificulta a intensificação das relações econômicas, mas, segundo especialistas, cria também oportunidades dos dois lados. O destaque, no caso do Brasil, é a abertura de espaços nas áreas de energias limpas e tecnologia. Não se deve esperar, no entanto, mudanças significativas na relação comercial, marcada pelo predomínio da importação de industrializados chineses pelo Brasil e das compras de produtos primários brasileiros pela China.

“Não tenho dúvida de que as relações com a China vão melhorar”, ressalta o economista Bruno De Conti, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Brasil-China, da mesma universidade. Os chineses, diz, evitam comentários sobre a situação política de outros países, mas percebe-se que há um alívio diante do fim do governo Bolsonaro. “Empresas chinesas estavam evitando investir no Brasil, em função da insegurança para os negócios representada pelos posicionamentos e atitudes do governo Bolsonaro. Como pensar na construção de uma cooperação a médio e longo prazos com um governo que não perdeu a chance de ofender aquele país e seu povo?”, dispara De Conti.

Segundo o economista, a situação agora muda para melhor, mas isso não significa que Xi Jinping vá oferecer ao Brasil um pacote de bondades, pois isso não existe na economia e nas relações internacionais. “Como presidente da China, Xi estará sempre perseguindo objetivos importantes para o seu país. Entretanto, havendo mais confiança entre as partes, amplia-se a margem de negociação. Seja a bilateral, ou por meio do BRICS, que serão, seguramente, fortalecidos a partir de janeiro.” O Brasil é um dos países desse bloco, integrado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. É provável, diz De Conti, ocorrer um aprofundamento de projetos de cooperação científico-tecnológica entre Brasil e China e os dois países têm muito a ganhar com isso.

 

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