Eduardo Fagnani | No IHU Unissinos

A redução do desemprego de 13% para 4,5% levou mais de uma década, mas nos últimos três anos “voltamos praticamente ao patamar de 10 anos atrás”, lamenta o economista Eduardo Fagnani na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, ao comentar os dados da Pnad sobre o aumento do desemprego no país. Apesar do índice de desemprego estar na ordem de 13 milhões de pessoas, Fagnani alerta que o número de brasileiros “subutilizados” no mercado de trabalho ultrapassa 24,6 milhões de pessoas, se forem contabilizados os “subocupados”, que trabalham cerca de 20 horas por semana e desejariam ter uma jornada maior, e os “desalentados”.

Esse cenário, menciona, tende a ser agravado com as mudanças geradas pela reforma trabalhista. “Com a lei trabalhista, um trabalho que antes era precário ou informal, como o trabalho intermitente ou o de curta duração, passou a ser formal”, e isso significa, interpreta, que “estamos substituindo empregos com carteira assinada, que antigamente eram considerados formais, por empregos precários, que agora são legalmente chamados de formais; e isso gera essa maquiagem na estatística”.

Fagnani pontua ainda que a tendência é que os empregos formais com carteira assinada sejam substituídos por atividades como as exercidas pelo microempreendedor, o trabalhador intermitente, o trabalhador por tempo imparcial e o PJ. Essas atividades, frisa, terão um impacto significativo sobre a previdência. “É preciso deixar claro que a reforma trabalhista vai quebrar a previdência pública. Um trabalhador que trabalha como intermitente e recebe menos de um salário mínimo não vai contribuir para previdência, então a arrecadação vai cair. Um microempreendedor individual contribui para a previdência com menos da metade do que um trabalhador comum contribui, e a contribuição da pejotização também é muito menor. Então, se em dez anos tivermos um cenário com 80% dos trabalhadores como trabalhadores precários, intermitentes, pejotização ou microempreendedor, não terá receita para a previdência e vão quebrar a previdência social”, adverte.

Leia aqui a entrevista completa.