MÍDIA

Márcia Mazzei e Ariadne Gattolini | Jornal de Jundiaí

O surgimento da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e a velocidade de sua propagação vão acelerar os processos de incremento de tecnologia 4.0 e maior qualificação de funcionários. Ainda sem capacidade de previsão futura, os empresários apostam na criatividade brasileira para encontrar soluções no pós-crise.

“Na verdade, esta pandemia apenas acelerou a transformação trazida pela 4ª Revolução Industrial”, defende o CEO da Indústria Fox, Marcelo Anderson Sousa. O termo, que foi usado pela primeira vez pelo governo alemão em 2012, engloba uma série de tecnologias que utilizam conceitos de sistemas cyber-físicos, Internet das Coisas e Computação em Nuvem. Seu principal atributo é a criação de fábricas inteligentes, que criam uma cooperação mútua entre seres humanos e robôs em tempo real. Essas tecnologias trazem inúmeras oportunidades para a geração de valor aos clientes e um aumento significativo de produtividade.

A chamada Indústria 4.0 deve finalmente ganhar mais atenção dos empresários brasileiros diante de um cenário em que existe grande dificuldade para conseguir insumos e matérias-primas nacionais e principalmente importadas devido às restrições logísticas e a alta do dólar. Muitas encaram ainda a dificuldade de conseguir capital de giro no sistema financeiro.

Segundo uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 79% das indústrias afirmam ter sofrido redução nos pedidos. Cerca de 53% apontam que a queda foi intensa. Os dados mostram que 86% das empresas estão com dificuldade para receber insumos e 83% enfrentam problemas na logística de transporte, tanto de produtos como de matérias-primas. Três em cada quatro empresas consultadas (73%) enfrentam dificuldades para honrar os pagamentos de rotina.

Nem investimento tecnológico nem criatividade. Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit-IE/Unicamp), Marco Antônio Rocha, a longa crise do sistema industrial do Brasil criou uma condição de extrema vulnerabilidade provocada pelas transformações estruturais da economia brasileira ao longo das últimas décadas.

“A capacidade da indústria brasileira de responder produzindo equipamento de tecnologia já é um ilustrativo da dificuldade que haverá para a economia brasileira dar respostas sem depender de estímulos externos e sendo capaz de aproveitar os gastos autônomos para multiplicar os efeitos em termos de emprego e renda.”

Se pensarmos que estas empresas enfrentaram um período de quarentena, a perspectiva é ainda mais pessimista: na maioria dos casos já possui grau de endividamento e escassez de capital de giro. “Ao fim do processo e já pensando na pós-pandemia, esta empresa estará altamente comprometida financeiramente e, portanto, incapaz de investir em tecnologia que poderia ser uma tábua de salvação.”

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