MÍDIA

Cida de Oliveira | Na Rede Brasil Atual

São Paulo – Seguindo recomendações do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para enfrentamento da “coronacrise”, países de todos os tamanhos e das mais diversas economias estão apresentando planos fiscais de recuperação econômica, o que inclui robustos investimentos em saúde e na proteção de populações mais vulneráveis. É o caso do Reino Unido, Alemanha, Coreia do Sul, Argentina, Chile e Estados Unidos – esses dois tão admirados pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

O Brasil, porém, não tem seguido o mesmo exemplo. Em vez disso, tem se limitado a um remanejamento orçamentário, segundo economistas do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). “Grande parte das medidas anunciadas pelo governo não tratam de injeção de novos recursos na economia. São meros adiamentos de pagamentos que as empresas deveriam fazer ou adiantamentos de recursos que o governo já iria fazer para as famílias ou para as empresas”, afirma Ana Luíza Matos de Oliveira, coautora da nota técnica A Coronacrise: natureza, impactos e medidas de enfrentamento no Brasil e no mundo.

Ela e os demais autores avaliam que as medidas do ministro Paulo Guedes e de sua equipe são equivocadas, a ponto de serem anunciadas mudanças com frequência. Mudam estimativas “da água pro vinho”, como diz Ana Luíza, bem como o montante dos pacotes. “Primeiro disseram que seria de R$ 5 bilhões, depois apresentam pacote de R$ 150 bi. É que, na verdade, não querem abrir mão desse arcabouço da austeridade nem nesse momento de crise, ao contrário de outros países.”

Por isso os autores propõem um conjunto de medidas a curto e médio prazo nas áreas de saúde, assistência, previdência, política fiscal, monetária e de crédito, conforme quadro a seguir. “Além da ênfase na saúde, temos de garantir renda especialmente para a população mais vulnerável, tirar agora das ruas ambulantes, trabalhadores informais, para diminuir a difusão do vírus. Mas para que sobrevivam de maneira adequada, propomos a complementação de benefícios, garantindo pelo menos um salário mínimo nesse período da crise. É preciso também zerar a fila do Bolsa Família, do INSS e fazer medidas no âmbito da política fiscal e de crédito.”

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