MÍDIA

Alex Wilhans Antonio Palludeto e Simone Deos | No Nexo

Paul Samuelson, um dos mais renomados economistas do século 20, sugeriu, em entrevista concedida a Mark Blaug em 1995, que a necessidade de atingir o equilíbrio das contas públicas de maneira permanente, ou mesmo durante um determinado número arbitrário de anos, é apenas uma superstição, uma narrativa, que teve como função histórica disciplinar o papel do Estado na economia, reduzindo a ineficiência que supostamente emanaria de suas ações.

Contemporaneamente, essa crença assumiu uma forma nova e aparentemente mais sofisticada, qual seja, a de que é indispensável estabilizar a relação dívida pública/PIB em algum patamar arbitrariamente definido para um certo período. Além disso, esse patamar seria diferente para economia dos países centrais e dos periféricos — também chamados de “em desenvolvimento”. Para estes, repetem os crentes, a razão dívida pública/PIB que os Estados poderiam suportar seria certamente inferior à das economias mais avançadas.

De acordo com os adeptos dessa crença, mesmo em situações dramáticas como a que vivemos, as medidas a serem adotadas pelo Estado devem sempre considerar o impacto que irão provocar nas contas públicas a longo prazo. Por isso devem ser limitadas, de modo a resultarem na menor elevação possível da dívida pública — ainda que ao custo de redução da renda agregada e de elevação na desigualdade —, dado que tal aumento poderia, supostamente, prejudicar a retomada da economia. Muitas vezes, esse argumento se combina a um outro, também bastante usual, de que prevalece em torno da gestão pública o oportunismo e a má-fé, mesmo num momento em que os servidores públicos — notadamente aqueles vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde), ainda que não só — são os que estão na linha de frente do combate à pandemia, bem como os que estão desenvolvendo as pesquisas que nos levarão a melhores tratamentos e à tão almejada vacina.

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