MÍDIA
Rodrigo de Oliveira Andrade | Pesquisa Fapesp
O governo federal criou nas últimas duas décadas 27 universidades e 19 institutos de ensino superior públicos, e construiu dezenas de novos campi vinculados a instituições já existentes, muitos deles em cidades afastadas dos grandes centros urbanos do país. Desde então, pesquisadores buscam avaliar os impactos da política de expansão da educação superior no desenvolvimento econômico e regional. Estudos recentes indicam que o esforço teve impacto tangível nas realidades locais, ajudando a gerar conhecimento e riqueza, ainda que enfrente obstáculos para se consolidar.
O exemplo de Pau dos Ferros, cidade de 30 mil habitantes no interior do Rio Grande do Norte, dá uma medida desse efeito. Desde 1976 o município conta com um campus da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), com cursos em ciências humanas, sociais e da saúde. Sua vocação acadêmica foi amplificada em 2009, quando passou a sediar um instituto federal de ensino superior e, em 2012, com a inauguração de um campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Hoje, também abriga instituições privadas, como a Faculdade Anhanguera e a Faculdade Evolução Alto Oeste Potiguar (Facep), e atrai estudantes do próprio estado e dos vizinhos Paraíba e Ceará.
Segundo Ronie Cleber de Souza, do Departamento de Economia da UERN, ao se tornar local de trabalho e estudo para novos professores, servidores e estudantes, a cidade expandiu sua estrutura física e de serviços – em 2018, o campus da UERN tinha 1.156 alunos de graduação e 265 de pós-graduação. Houve um forte boom no mercado imobiliário da cidade, com a criação de 10 novos bairros entre 2010 e 2015, além do crescimento do mercado de trabalho local, com um aumento do emprego formal de 102,5% entre 2000 e 2010 que foi muito além das vagas abertas nas instituições públicas de nível superior. “Nota-se que a participação do setor público no emprego formal caiu de 57% para 34% no período, em um claro reflexo da dinâmica favorável ocorrida na década”, afirmou Souza, um dos autores de um levantamento publicado na coletânea Universidade e território – Ensino superior e desenvolvimento regional no Brasil do século XXI, organizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Lançada em maio, a obra reúne trabalhos de pesquisadores de diferentes áreas e instituições do país discutindo como a disseminação e interiorização do ensino superior contribuíram para dinamizar pequenas cidades do país, impulsionando a economia local e aprimorando as condições sociais.
“Em geral, empresas que demandam soluções mais complexas para seus problemas buscam apoio de grupos de qualidade acadêmica bem estabelecida em universidades de centros metropolitanos”, destaca o economista Renato Garcia, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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