MÍDIA
Marco Antonio Rocha | Revista NEXUS
Revista Coonectar: Hoje teremos a honra de conversar com o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Marco Antonio Rocha, especialista em Estudos Industriais. Professor, em primeiro lugar, agradecemos imensamente a sua presença e, para que eu não cometa nenhuma impropriedade ao fazer a sua apresentação, peço que você se mesmo se apresente. Boa noite!
Marco Antonio Rocha: Boa noite! Sou Marco Antonio Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia e pesquisador também do Centro de Conjuntura Econômica do Instituto de Economia.
Revista Coonectar: Quando estudamos o pensamento econômico brasileiro no século XX, especialmente naquele ciclo ideológico desenvolvimentista (1930 a 1964), identificamos um debate bastante fecundo entre diferentes correntes de pensamento. Havia ali figuras como Eugenio Gudin e Otávio Gouveia de Bulhões (entre os liberais); nomes como Roberto Simonsen e Celso Furtado (entre os desenvolvimentistas); além de pensadores radicais, como Ruy Mauro Marini; ou independentes, como Inácio Rangel. Como você vê o debate público no campo econômico, nesse início do século XXI? Podemos identificar correntes claras e nomes representativos?
Marco Antonio Rocha: Olha, eu acho que não dá nem para comparar o que era o debate econômico em meados do século XX, em termos de riqueza, em termos de originalidade do pensamento econômico brasileiro naquela época, em termos da envergadura dos pensadores, para além do pensamento econômico. Mesmo a corrente liberal, se pegarmos Mário Henrique Simonsen ou Roberto Campos eram figuras de envergadura imensa, o próprio Delfim Netto era uma figura de uma envergadura muito grande – e ainda é. Então, em primeiro lugar, fica claro que houve um empobrecimento. O nível dos debates, da ambição dos debates e das figuras interpretativas do debate, com todo respeito aos colegas da minha geração. Eu acho que isso tem um motivo claro: é porque se abandonou a ideia de construção nacional e desenvolvimento econômico. O debate econômico hoje se circunscreve à ideia de uma boa gestão macroeconômica. Ele é muito limitado no que ele pensa, muito limitado nos seus objetos e ele é muito limitado nas suas ambições. Daí decorre um empobrecimento geral do pensamento econômico hoje, especialmente em termos de Brasil. A questão central é essa. Dá para perceber que é a forma de continuidade. (...) Os liberais provavelmente vão continuar existindo por um bom tempo, mas, para além disso, o pensamento marxista tem procurado se renovar também. A gente tem um debate difícil na nossa corrente e as contribuições do marxismo em relação a economia também continuam presentes. A questão central, para não entrar em personalismo, é a articulação desses pensamentos com a política econômica e com as possibilidades de políticas econômicas. Então do ponto de vista da prática política de alterar a realidade mudou e também comparar as figuras daquele tempo com a capacidade e uma força política capaz de mudar a realidade brasileira também permitiu o surgimento de figuras de grande envergadura.
Leia a entrevista completa aqui.