MÍDIA

Marcos Hermanson Pomar | UOL

A ideia de que o Brasil alimenta o mundo é muito cara ao agronegócio. O próprio presidente da República afirmou, em julho deste ano, que o "Brasil garante a segurança alimentar de um bilhão de pessoas ao redor do mundo". Esse número aparece também em eventos, na boca de parlamentares e entre pesquisadores.

Em março, a Embrapa publicou um estudo com título "O Agro Brasileiro Alimenta 800 Milhões de Pessoas", assinado pelos pesquisadores Elisio Contini e Adalberto Aragão.

Walter Belik, professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp e diretor-geral adjunto do Instituto Fome Zero, critica o fato de o trabalho considerar, logo em sua primeira linha, que toda a população brasileira está "alimentada adequadamente" pelo agronegócio.

"O último dado do Inquérito Vigisan mostra que 56% da população brasileira está em estado de insegurança alimentar", afirma ele, em referência ao trabalho desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. "Não dá para dizer que você está alimentando o mundo se você mal alimenta a população do seu país."

Belik também comenta a ênfase dada ao aspecto meramente produtivo, deixando em segundo plano outros fatores importantes: "A disponibilidade do alimento é um dos problemas", diz. "Mas há um outro fator, mais importante até que é o acesso à alimentação."

"Colocar no mercado o equivalente a alimentação para 800 milhões é diferente de garantir que esse mesmo número de pessoas esteja consumindo aquela comida", argumenta o professor.

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