O governo Temer prossegue no desmonte dos arranjos econômico-institucionais herdados de outros períodos da história econômica recente do país. Desta vez, o alvo é a Eletrobrás, ou o que resta de controle estatal no sistema elétrico brasileiro, parcialmente privatizado nos anos 1990, durante o governo FHC, cujos efeitos deletérios são conhecidos.
Os argumentos elencados para realizar a privatização são tão antigos quanto discutíveis: ganho de eficiência econômica, tanto na gestão quanto na ampliação da capacidade do sistema, e eliminação da influência política e da corrupção, implícitas no controle estatal. O açodamento no encaminhamento do processo, todavia indica outros objetivos não declarados, fechar a conta fiscal de 2018, e continuar a comprar apoio político dos mercados por meio da venda de ativos públicos a baixo preço.
Privatizar o sistema elétrico brasileiro é uma má ideia em razão das suas especificidades, mais ainda se esta privatização é motivada por objetivos fiscais de curto prazo. E isto, num momento no qual a Eletrobrás, encontra-se numa situação financeira delicada, com ativos relativamente desvalorizados. Ademais, o sistema de geração e distribuição de energia elétrica no Brasil, além de se constituir num monopólio natural, está sujeito a um regime de formação de preços muito particular em razão da sua dependência do regime hidrológico.
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