MÍDIA

Pedro Paulo Zahluth Bastos | Na Carta Capital

As crises são episódios de ruptura brusca da normalidade. Quando são graves, sair delas traz um “novo normal” que pode ser muito diferente do passado. Na década de 1930, por exemplo, uma crise econômica global sem precedentes levou tanto ao avanço do nazifascismo quanto à social-democracia no mundo anglo-saxão e no norte europeu.

Nos dois casos, os líderes de governo, empurrados por partidos e movimentos sociais de massa, ampliaram o papel do Estado na recuperação e gestão da economia e na proteção social. Os dogmas do liberalismo econômico – é melhor cada um por si – caíram por terra, enquanto o totalitarismo fascista, a social-democracia e o planejamento soviético disputavam guerras, corações e mentes pelo mundo.

O fim da Segunda Guerra Mundial foi seguido pela Guerra Fria. A ofensiva dos sindicatos e a ameaça comunista forçou as elites conservadoras a engolirem novas instituições que distribuíram renda e riqueza em larga escala.

No Ocidente desenvolvido, os ricos foram taxados em mais de 60% da renda (mais de 80% nos EUA e Inglaterra) entre 1932 e 1980, para financiar bens e serviços públicos para cidadãos que tinham agora não apenas direitos políticos plenos, mas também direitos sociais generosos: aposentadoria, seguro-desemprego, educação e saúde públicas em muitos casos, além de salário mínimo, descanso semanal e férias remunerados.

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