“Nossas bocas estão seladas com fita adesiva e costuradas”, protesta uma moradora de Phnom Penh ameaçada por um megaempreendimento imobiliário em construção. A comunidade do lago Boeung Kak resiste à pressão para removê-la da paisagem urbana. A moça é presa por se tornar uma liderança da resistência e recebe um telefonema da filha: “Estou com dor de garganta, mãe”. “Tente não gritar tanto querida, você tem um pólipo na garganta”, pede a mãe. “Eles não vão nos ouvir se eu não gritar. O único jeito de fazê-los ouvir é gritar nos seus ouvidos”, responde a filha.
A Primavera Cambojana, Favela Olímpica, Os Últimos Dias de Shibati, Às Margens e Oh, IrmãoPolvo! procuram ampliar a voz dos que lutam e, mesmo assim, são frequentemente silenciados e derrotados pelo rolo compressor das coalizões entre Estado e empresas imobiliárias.
O conjunto dos filmes da temática Cidades deste ano nos convida a pensar no que pode haver em comum entre esses processos que se repetem por todo o globo. As narrativas nos levam a considerar cada uma das vidas atingidas, valorizando a compreensão dos contextos específicos, mas também da totalidade na qual essas histórias se inserem.
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