Opera Mundi | Fábio Corrêa

 

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, marcada para este fim de semana, terá como uma das principais pautas a retomada das discussões em torno do grupo Brics, que conta, além de Brasil e China, com Rússia, Índia e África do Sul.

Na agenda de Lula está uma visita à instituição financeira do bloco multilateral, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), em Xangai, cujo comando passará do atual presidente, o brasileiro Marcos Troyjo, indicado por Jair Bolsonaro, para a ex-presidente da República Dilma Rousseff.

A movimentação do governo Lula pela troca na presidência do banco dos Brics, no meio do mandato de Troyjo (a presidência rotativa do NDB cabe ao Brasil até 2025), evidencia a preocupação da gestão petista em garantir o alinhamento político no coração financeiro do Brics. Além disso, remete à importância dada pelo Planalto ao grupo multilateral.

Segundo especialistas ouvidos pela DW Brasil, esses movimentos estão ligados à tentativa de o Brasil recuperar protagonismo nas relações internacionais, área que foi negligenciada durante os anos Bolsonaro, o que também refletiu dentro da posição do país dentro do Brics.

Segundo Célio Hiratuka, professor de Economia e coordenador do grupo de estudos Brasil-China da Unicamp, o Brics cumpre com a expectativa de o Brasil retomar um papel mais ativo internacionalmente, após o isolamento empreendido pelo governo Bolsonaro.

"Por mais que tenham aspectos de divergência entre os países-membros, como Índia e China, há pontos de convergência quando todos se colocam como possíveis demandadores de novos espaços na economia global que não estão colocados nos organismos multilaterais mais tradicionais, onde esses países do Brics tinham um papel marginal", afirma Hiratuka. "O Brasil não vai abrir mão de usar esse espaço como instrumento importante."

 

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