Cleyton Vilarino | Globo Rural
Motivo de indignação nacional, o resgate de 207 trabalhadores rurais em condições análogas à escravidão na Serra Gaúcha se insere numa triste estatística nacional.
Em crescimento desde 2018, a libertação de pessoas nessas condições em atividades do setor agropecuário mais que triplicou nos últimos dois anos.
De acordo com números do Ministério do Trabalho, foram 1.932 pessoas encontradas nessas condições em 2022, 233% a mais que o registrado em 2020.
O professor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Universidade de Campinas (Unicamp), José Dari Krein, classifica a reforma trabalhista como principal divisor de águas no aumento no número de casos de trabalho análogo à escravidão no país e, em particular, no campo.
Ele destaca que o crescimento no número de pessoas libertadas cresce desde 2018, tendo caído em 2020 após um contexto de pandemia, quando as denúncias e operações de fiscalização ficaram comprometidas.
“Embora a reforma não tenha alterado o artigo 149 do Código Penal, que tipifica o crime de trabalho análogo à escravidão, ela indicou duas coisas: afrouxamento da legislação e uma indicação de que, agora, os empregadores teriam um pouco mais de liberdade de estabelecer como manejar a força de trabalho necessária para sua atividade”, explica o professor da Unicamp ao lembrar do próprio contexto político vivido pelo país nos últimos anos.
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