MÍDIA 

  

Vinicius Konchinski | Brasil de Fato

O ano de 2021 ficou marcado na história do país como o mais mortal da pandemia. Mais de 424 mil pessoas morreram de covid-19, doença que forçou brasileiros a entrarem em isolamento social e deteriorou indicadores da economia do país.

O ano passado, entretanto, também foi um período de lucros recordes para bancos. Só as quatro maiores instituições financeiras com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo –Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander– lucraram juntas R$ 81,6 bilhões.

O valor é o maior já registrado pela empresa Economatica, que acompanha os resultados contábeis dessas instituições financeiras há 15 anos.

A professora do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Simone Deos, explicou que as provisões de crédito são uma espécie de previsão de perda por inadimplência que os bancos contabilizam em seus balanços.

Ela disse que, com o início da pandemia, em 2020, as instituições financeiras aumentaram essas provisões avaliando que o risco de inadimplência havia subido. Em 2021, elas entenderam que esse risco caiu. As previsões de perda, portanto, foram reduzidas e o lucro dos bancos cresceu de um para outro.

Juros ajudam 

Segundo Deos, no entanto, só isso não explica um lucro tão alto dos bancos brasileiros –fora dos padrões internacionais do sistema bancário mundial, disse ela. A professora afirmou que o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, também colaborou bastante com os resultados dos bancos em 2021.

Até março de 2021, a Selic era 2% ao ano. Em dezembro, ela já estava em 9,75% ao ano. Hoje, é 10,75% ao ano.

Como essa taxa serve de base para os juros da economia real, bancos também aumentaram os juros dos empréstimos que concederam a pessoas e empresas. Com isso, passaram a ganhar mais com cada operação. Por isso também, eles lucraram mais.

“Não é à toa que o ‘mercado’, representado pelos economistas de bancos, sempre indica que se aumente a taxa de juros para dar conta da inflação”, ressaltou a professora. “É uma advocacia em causa própria.”

Simone lembrou que, historicamente, bancos brasileiros cobram juros bem mais altos do que a Selic. Enquanto a taxa Selic é de 10,75% ao ano, os juros de um empréstimo são cerca de dez vezes isso.

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