MÍDIA
Eduardo Cucolo | Folha de São Paulo
A sinalização do Banco Central de que a taxa básica de juros deverá subir além dos atuais 12,75% ao ano levou ao questionamento das causas e das formas de se lidar com uma inflação que poderá superar o limite da meta pelo terceiro ano consecutivo em 2023.
Para alguns analistas, a alta da inflação não é apenas uma questão de oferta e nem um fenômeno temporário, mas também um problema de demanda e de expectativas que continuam a piorar. Pelos princípios do regime de metas que vigora na maioria dos países, reduzir o índice de preços seria a melhor forma de garantir também uma retomada mais rápida do crescimento e do emprego.
Para outros, não há política monetária, no Brasil ou em qualquer outro país, que seja capaz de colocar a inflação e as expectativas em linha com metas de inflação extremamente baixas para um mundo que sofreu uma sequência inédita de choques de oferta que pode se estender por ainda mais tempo.
Simone Deos, professora do Departamento de Economia da Unicamp (Universidade de Campinas), afirma que o BC adota uma política monetária equivocada, que não ajuda no combate à inflação e tem efeitos deletérios sobre a economia. Para ela, a alta de preços se deve em grande parte a uma política de preços equivocada da Petrobras. Uma ação do governo para aliviar a tributação de preços administrados também seria mais eficaz.
"Não há evidência de que sermos mais ‘hawkish’ nos leve a uma trajetória de inflação mais suave. Tudo isso que está acontecendo com os preços das commodities nenhum banco central consegue controlar. Se o Banco Central vai ou não atingir a meta não tem nada a ver com política monetária. Depende de fatores externos ou de política econômica", afirma.
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