Newton Gracia da Silva e Simone Deos | Jornal dos Economistas
Tornou-se célebre uma frase de Joan Robinson, economista e professora da Universidade de Cambridge, onde foi contemporânea de Keynes, que diz o seguinte: “o propósito de estudar Economia não é adquirir um conjunto de respostas prontas para questões econômicas, mas aprender como evitar ser enganado por economistas”. Essa frase traduz, em alguma medida e com um certo humor, o sentimento de economistas que observam a desconexão entre a economia real e o noticiário econômico, tal como aparece na grande mídia e nas redes sociais, largamente influenciado pela visão econômica mainstream.
Tomemos como exemplo a decisão que foi tomada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em 18 de setembro último, que elevou em 0,25 p.p. a já extravagante taxa básica de juros praticada no Brasil, de 10,5% para 10,75% ao ano.¹ A decisão, amplamente celebrada na mídia, foi justificada no comunicado do Copom² com palavrório “técnico” intimidador. Em síntese, nos termos do documento: “o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”.
Também consta do relatório a advertência de que o Comitê: “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.
Leia o artigo completo: https://www.corecon-rj.org.br/anexos/D883FFDB166A2667076CAAC435DE9CC6.pdf