Sessões acontecem de 7 a 23 de novembro

A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, maior festival de cinema com essa temática no Brasil, volta à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no dia 7 de novembro, dando continuidade ao projeto iniciado em 2016 e que inspirou a criação de uma nova disciplina na instituição. Até o dia 23/11, a cidade universitária recebe, em dois locais de exibição, sessões de filmes e debates com docentes e pesquisadores, numa programação gratuita, aberta para estudantes, funcionários e público geral.

Os filmes foram selecionados por professores do Instituto de Economia (IE), da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e do Núcleo de Estudos de População (NEPO). São produções contemporâneas, de diversos países, que conversam diretamente com temas pesquisados na universidade, como relações de trabalho no contexto de globalização, a privatização de recursos naturais essenciais, como a água, processos de urbanização e uso da terra, mudanças climáticas, entre outros. As sessões acontecem na Casa do Lago e no auditório da Adunicamp.

“O projeto procura integrar os três pilares da atuação universitária, por trazer temas que dialogam com o conteúdo dos cursos e pesquisas por meio da arte, em sessões abertas”, comenta Mariana Fix, uma das coordenadoras do circuito. “Em 2017, o circuito está vinculado a um curso novo, aberto a estudantes de todas as áreas, numa tentativa de aprofundar a articulação entre ensino, pesquisa e extensão. No terceiro módulo do curso, os estudantes poderão propor e realizar sessões abertas, voltadas a públicos variados, preferencialmente fora do campus, e produzir material de apoio para o debate. “

Chico Guariba, diretor da Ecofalante, destaca a importância do trabalho educativo da Mostra, que só no segundo semestre de 2017 esteve presente em 12 instituições de ensino superior. “Sempre tivemos uma relação estreita com o ensino superior, trazendo professores e pesquisadores para os debates da Mostra Ecofalante, levando os filmes para faculdades de diversas áreas, e incentivando a produção audiovisual, através do concurso de curtas universitários. É, portanto, uma progressão natural do nosso trabalho”, diz Guariba.

Para Gisela Cunha Leonelli, professora do curso de Arquitetura da FEC, o uso dos filmes como material didático é interessante especialmente porque eles não estão inclusos no circuito comercial de cinema. Ela também atenta para um ganho secundário muito relevante, que é a ocupação da estrutura da universidade numa atividade que envolve alunos e professores de diversas áreas. “A Mostra aqui potencializa esse caráter transversal do conhecimento, incentiva o intercâmbio entre os cursos, e faz isso tratando de temas atuais, o que também é uma reivindicação dos estudantes”, comenta.

Programação
Os filmes já vêm sendo assistidos e discutidos desde o início do semestre, entre os matriculados na disciplina “AM 069 - Economia, Sociedade e Meio Ambiente na Produção Audiovisual Contemporânea”. Agora o circuito sai da sala de aula para atingir mais pessoas.
Diversas projeções serão seguida de debate entre convidados e o público.

Confira a programação:

07/11 terça-feira
19 horas - Adunicamp
Debatedores: Carlos Cordovano, Patrick Araújo Carvalho, Carlos Alberto Sescún Barón e Evaldo Gomes Junior.
Filme: Espólio da Terra (91 minutos, 2015, Áustria)
Direção: Kurt Langbein
Sinopse: Terras cultiváveis estão se tornando cada vez mais valiosas e escassas. Após a crise financeira de 2008, o capital financeiro global redescobriu o segmento de negócios das terras cultiváveis globais. O filme retrata tanto os investidores – que falam de economia saudável, garantindo o fornecimento de alimentos e de prosperidade para todos – como suas vítimas – que falam sobre despejo, trabalho escravo e a perda de sua base econômica. Este filme nos mostra como funciona o “colonialismo 2.0”.

08/11 quarta-feira
17hs - Casa do Lago
Debatedores: José Marcos Cunha (NEPO), Gisella Leonelli (FEC) e Humberto Miranda (IE)
Filme: Terra de Muitos Palácios (61 minutos, 2015, China e Reino Unido)
Direção: Adam Smith e Ting Song.
Sinopse: Em Ordos, na China, milhares de camponeses estão sendo transferidos para uma nova cidade sob um plano governamental para modernizar a região. O filme segue uma funcionária do governo cujo trabalho é convencer a população de que sua vida será melhor no território urano, a fim de tira-la de suas terras e povoar as cidades-fantasmas. Outra tarefa é “civilizar” essa população. O filme explora um processo que se concretizará em uma escala enorme em toda a China, uma vez que o governo central anunciou planos para deslocar 250 milhões de agricultores para as cidades de todo o país nos próximos 20 anos.

09/11 quinta-feira
14hs - Casa do Lago
Debatedores: Ana Carolina Delfim Maciel, Mariana Fix e Miguel Carvalho
Filme: Império da Fantasia (73 minutos, 2016, Dinamarca)
Direção: David Borenstein
Sinopse: Yana é uma migrante rural que chega a Chongqing em busca do “Sonho Chinês”. Motivada pelo dinheiro fácil do boom imobiliário, ela abre uma empresa de “figurantes estrangeiros” que aumentam a venda de novos empreendimentos: em dias de visita eles são usados num esforço surreal para transformar cidades-fantasma em desejadas “cidades globais”. Quando a bolha começa a estourar, Yana é forçada a repensar tudo em que sempre acreditou. Filmado ao longo de sete anos, o filme é ao mesmo tempo uma emocionante história pessoal e uma rara crônica sobre uma das questões econômicas mais críticas de nosso tempo.

13/11 segunda-feira
14hs – Adunicamp
Debatedor: Leandro Saraiva
Filme: Martírio (162 minutos, 2016, Brasil)
Direção: Vincent Carelli
Sinopse: O retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá por meio das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.

19hs - Adunicamp
Debatedores: Adriana Bernardes (IC) e Sidney Piochi (FEC).
Filme: Estrutural (89 minutos, 2016, Brasil)
Direção: Charles Ferguson.
Sinopse: Fruto de uma pesquisa de mais de dez anos e utilizando material de arquivo, fotos e vídeos registrados pelos próprios moradores durante conflitos ocorridos nos anos 1990, este documentário aborda fatos marcantes da então invasão da Estrutural, iniciada na década de 1960, quase que simultânea à construção de Brasília, a ocupação foi realocada para onde é hoje o meio lixão a céu aberto da América Latina, além de ter vivido um período de administração popular. Moradores, políticos e militares apresentam seus pontos de vista sobre o passado e o presente da comunidade, numa síntese do processo de urbanização do Distrito Federal.

14/11 terça-feira
19hs - Adunicamp
Filme: Thule Tuvalu (96 minutos, 2014, Suíça)
Direção: Matthias Von Gunten.
Sinopse: Dois lugares em extremos de nosso planeta vêm fazendo as manchetes devido às mudanças climáticas: Thule, na Groenlândia, por seus recordes de degelo; e Tuvalu, porque esta remota ilha-nação no Pacífico é um dos primeiros países em vias de se afundar como resultado da elevação do nível do mar. Se para nós o aquecimento global ocorre quase exclusivamente na mídia, ele está mudando toda a existência dos habitantes de Thule e Tuvalu. O filme retrata como são forçados a abandonar seu modo de vida tradicional mudando em direção a um futuro desconhecido.

16/11 quinta-feira
14hs - Adunicamp
Debatedores: Barbara Castro (IFCH) e Paulo Fracalanza (IE)

19hs - Casa do Lago

Filme: Auto-fitness (21 minutos, 2015, Alemanha)
Direção: Alejandra Tomei e Alberto Couceiro.
Sinopse: Ser ou não... ter tempo de ser? O filme é uma labiríntica sobre o automatismo humano. Uma reflexão sobre nossa relação diária com o dinheiro e com o tempo, uma animação tragicômica que brinca com o conceito da constante e penetrante aceleração. Um filme sobre a opressiva loucura cotidiana e o automatismo em que somos forçados a viver, trabalhar, respirar, pensar e: existir. Uma paródia da já antiga “vida moderna”.

Filme: Máquinas (71 minutos, 2017, Índia, Alemanha e Finlândia)
Direção: Rahul Jain.
Sinopse: Esta gigantesca fábrica têxtil em Gujarat, na Índia, poderia muito bem ser o roteiro para um inferno de Dante no século XXI. Em um retrato provocador e ao mesmo tempo intimista, observamos a vida dos trabalhadores, o sofrimento e o ambiente de onde eles dificilmente podem escapar. Com uma linguagem visual forte, imagens memoráveis e entrevistas cuidadosamente selecionadas com os próprios trabalhadores, o filme conta uma história de desigualdade, opressão e o enorme fosso entre ricos, pobres e suas perspectivas.

23/11 quinta-feira
14hs - Adunicamp
Debatedor: Roberto do Carmo.
Filme: Quem Controla a Água? (82 minutos, 2010, França e Alemanha)
Direção: Leslie Franke e Herdolor Lorenz
Sinopse: As empresas francesas Veolia e Suez são as maiorais no crescente mercado mundial de abastecimento privado de água. Elas estão presentes em todos os cinco continentes, dificilmente uma semana se passa sem que entrem em um novo mercado. Mas na França, sua base, elas estão perdendo terreno. No início de 2010, as duas empresas tiveram que entregar, relutantemente, a gestão do abastecimento de água de Paris – sua sede – de volta para a cidade; o mesmo ocorreu na cidade francesa de Rouen. Provavelmente, Bordeaux, Toulouse, Montpellier, Brest e muitas outras cidades seguirão esse caminho e tomarão a gestão do abastecimento de água de volta às mãos públicas. Mas não só na França: na América Latina, EUA, África e Europa, em toda parte surgem movimentos para trazer o fornecimento de água de volta às mãos dos cidadãos. O filme Quem Controla a Água? ajuda a tomar uma decisão consciente.

Sobre a Mostra Ecofalante
A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é gratuita, anual e realizada pela ONG Ecofalante. Sua seleção prima por obras de grande qualidade cinematográfica e por temáticas ambientais que conversam com a realidade brasileira, incluindo filmes premiados em renomados festivais internacionais e de maioria inédita no Brasil. As exibições são realizadas em salas de cinema de todas as regiões da cidade, além de espaços culturais e instituições de ensino. Um dos objetivos da Mostra é fomentar as discussões sobre os temas levantados pelas produções cinematográficas, por isso, a maioria das sessões é seguida de debates, que contam com a presença de especialista em assuntos socioambientais.
A ONG Ecofalante desenvolve, ao longo do ano, um trabalho educativo em escolas e universidades, onde os filmes são usados como poderosa ferramenta pedagógica, incentivando o pensamento crítico, a interdisciplinaridade e a cidadania.
Desde sua primeira edição, em 2012, a Mostra Ecofalante e as atividades educativas da ONG já atingiram diretamente cerca de 190 mil pessoas. Foram exibidos 424 filmes, de todos os continentes, em 26 cidades do Estado de São Paulo. Chegou a 200 espaços de exibição, entre cinemas, escolas, universidades, parques, espaços públicos, unidades do Sesc e do Senac, Fábricas de Cultura, Pontos MIS, CEUs e ETECs. Realizou cerca de 450 debates e mediações, sobre temas como mudanças climáticas, água, cidades, energia, globalização, economia, ativismo, povos e lugares, resíduos sólidos, entre outros.

Acompanhe: fb.me/mostraecofalante

SERVIÇO
Mostra Ecofalante na Unicamp
De 7 a 23 de novembro
Gratuita
Informações: CEDE-Centro de Estudos de Desenvolvimento Econômico
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Local
1) Casa do Lago: Av. Érico Veríssimo, 1011 - Cidade Universitária | Telefone (19) 3521-1708
2) Adunicamp: Setor Universitário 851, Av. Érico Veríssimo, 1479 - Cidade Universitária | Telefone: (19) 3521-2471
Veja a programação aqui