A professora que formou gerações de economistas no Brasil e é uma das principais referências no campo da economia no Brasil, terá sua obra e vida revisitada em debates, seminários, encontros entre estudantes, docentes e funcionários do Instituto de Economia.
Durante todo o mês de agosto a Biblioteca Lucas Gamboa, do IE, fará exposições sobre a obra da professora. Os canais de comunicação do IE nas redes sociais divulgará conteúdos em vídeo de aulas e seminários que contaram com a presença da professora na universidade.
Todas as quartas-feiras do mês haverá, no período da tarde, um encontro para tratar da relevância e atualidade do debate sobre o legado intelectual de Maria da Conceição Tavares.
O evento é organizado pela equipe do Centro de Documentação e tem como coordenador o professor Giuliano Contento de Oliveira, que explica abaixo em entrevista quais os objetivos do evento e destaca a importância da obra da homenageada. Veja a programação completa aqui.
Chegamos à segunda edição do evento Economia e Pensadores. Porque a organização neste formato, mais espaçado no tempo, com duração de um mês?
Giuliano Oliveira: A biblioteca do IE/Unicamp (Centro de Documentação Lucas Gamboa – Cedoc) é bastante ativa e atuante, promovendo um conjunto amplo de atividades ao longo de cada ano. Isso somente é possível em razão do comprometimento dos funcionários com o planejamento estratégico estabelecido pela coordenação acadêmica em conjunto com a direção do Cedoc.
Conseguimos, felizmente, reservar um mês para esse projeto, “Economia e Pensadores”, iniciado em 2016 e que teve como primeiro homenageado o Prof. Celso Furtado, cujos objetivos maiores são: i) atrair alunos, pesquisadores, funcionários e professores da Unicamp e da comunidade externa à biblioteca do IE/Unicamp; ii) gerar um elemento adicional de integração entre alunos da graduação, alunos da pós-graduação, pesquisadores, funcionários e docentes; iii) permitir uma reflexão crítica sobre obras de importantes economistas que contribuíram para o método de pensamento utilizado, ao longo de décadas, na “Escola” do IE/Unicamp, bem como para a compreensão da lógica e da dinâmica das economias capitalistas, desenvolvidas e subdesenvolvidas; e iv) homenagear o economista em questão.
Discutimos e pensamos que um mês corresponde a um período suficiente para essa atividade, considerando, como dito, que a biblioteca desempenha uma série de outras ações ao longo de cada ano.
Qual a importância da integração entre docentes e estudantes, visto que teremos na primeira semana uma convergência com a semana da economia, planejada pelas entidades estudantis?
Giuliano Oliveira: Fundamental. Ficamos muito felizes com essa integração, com a possibilidade de realizarmos uma das atividades do projeto “Economia e Pensadores” com a “Semana da Economia”, organizada pelos alunos da graduação. Acreditamos que atividades em conjunto podem gerar sinergias relevantes e atribuir maior relevância às ações desenvolvidas pelo Instituto de Economia, particularmente pelo Cedoc.
Esse projeto busca incentivar a integração entre alunos da graduação, alunos da pós-graduação, pesquisadores, funcionários e docentes, assim como a comunidade interessada externa à Universidade, a partir de uma programação promotora de discussões sobre possibilidades de crescimento econômico com justiça social e superação do subdesenvolvimento. Pensamos que a união, em um período tão difícil do país e da Universidade, pode propiciar sinergias capazes de seguirmos adiante, a despeito das enormes dificuldades.
A obra da professora Maria da Conceição Tavares é referência para gerações de economistas. Quais são os principais destaques que devem ser evidenciados e observados no evento?
Giuliano Oliveira: É bastante vasta a contribuição da Professora Maria da Conceição Tavares para a economia e para o Instituto de Economia da Unicamp. Para a economia, a professora contribuiu de forma exemplar para a compreensão do fenômeno do subdesenvolvimento e dos desafios colocados para a economia brasileira romper com essa condição. Para o IE/Unicamp, a professora não apenas foi uma das fundadoras do primeiro curso de pós-graduação em economia da Unicamp, em 1973, como foi uma das responsáveis pela introdução do método histórico-estrutural na “Escola do IE/Unicamp” para a compreensão dos fenômenos econômicos, juntamente com os demais discípulos de Raul Prebisch e/ou Celso Furtado. Isso porque o método histórico-estrutural, frise-se, foi aprendido por ela e por alguns outros docentes da primeira geração do IE/Unicamp com Raul Prebisch e Celso Furtado, conforme ela mesma revela em sua entrevista registrada no livro “Conversas com economistas brasileiros”.
A professora, vale salientar, exerceu papel fundamental não apenas no IE/Unicamp, mas, também, no IE/UFRJ, especialmente a partir do momento em que se tornou professora titular de Macroeconomia da UFRJ, em 1978.
Dessa forma, o evento “Economia e Pensadores II: Maria da Conceição Tavares e o Desenvolvimento” irá destacar essas dimensões das contribuições da professora, chamando a atenção para alguns aspectos centrais de suas obras que contribuem para entender, criticamente, a condição de subdesenvolvimento da economia brasileira e os desafios colocados para a sua superação.