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Autor: Wilson Cano

Este livro, fruto de minha tese doutoral (1975), já passou por três edições, nas quais fiz apenas alguns pequenos reparos formais. Ele representa, em minha vida acadêmica, o início de um caminho que buscava a melhor compreensão sobre este imenso país que é o Brasil, o qual, quando visto como um todo, encobre quase sempre profundas diferenciações históricas, econômicas, políticas e sociais de suas porções regionais.

Nesse caminho permaneci durante 25 anos, pesquisando, ensinando, orientando trabalhos acadêmicos e profissionais e, sobretudo, tentando ampliar e completar o período de análise histórica que, neste livro, situa-se entre 1850 e 1929. Do esforço inicial surgiram outras reflexões que me permitiram não só dar-lhe a continuidade histórica de uma análise integrativa nacional, como também fazer algumas incursões sobre temas específicos.

Com um objetivo pedagógico, destaco quatro desses novos trabalhos:

Economia do ouro em Minas Gerais (Séc. XVIII), publicado em Contexto n. 3, São Paulo, jul. 1977 (republicado em Cadernos do IFCH, Campinas, n. 10, out. 1983). É um pequeno artigo que polemiza sobre a herança do “ciclo do ouro”, a estrutura dessa economia e a falsa possibilidade de superação de sua inexorável crise, via industrialização.

Padrões diferenciados das principais regiões cafeeiras (1850-1930), publicado em Estudos Econômicos, São Paulo, v. 15, n. 2, 1985, tenta comparar aquelas economias (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), mostrando como as profundas diferenças de suas relações sociais de produção demarcam, durante longo período, suas trajetórias econômicas ao mesmo tempo em que explicam, em grande medida, o sucesso paulista.

Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil (1930/70), São Paulo: Global/Campinas: UNICAMP, 1985, que tenta mostrar, a partir da “Crise de 1929”, como a inteligente política econômica então praticada – da defesa da renda e do emprego nacionais – não só retira a economia da depressão, mas a coloca nos rumos da integração do mercado nacional. Neste ano, também estou reeditando esse livro, atualizado para o período 1970/95, pelo Instituto de Economia da UNICAMP.

Base e superestrutura em São Paulo: 1886-1929. In: De Lorenzo, H., Costa, Wilma P. A década de 20 e as origens do Brasil moderno. São Paulo: UNESP, 1997, artigo onde tento mostrar as recíprocas influências entre o econômico e o social, as profundas transformações latentes na década de 20 e, principalmente, a diferenciação das principais frações de classe da burguesia paulista, e de como elas atuariam nos rumos do movimento pós-revolução de 1930.

Os esforços que empreendi, individual e coletivamente, resultaram em considerável acervo de trabalhos, publicados ou não, que culminaram com a instituição do Programa de Pós-graduação em Economia Regional, Urbana, Agrícola e do Meio Ambiente, que ora desenvolvemos no Instituto de Economia da UNICAMP. Considero aquele caminho – o da reflexão regionalizada –, em termos pessoais, como em grande parte completado, com o que pude retomar minhas reflexões sobre o contexto nacional, hoje seriamente comprometido pela imposição, por nossas elites, das políticas econômicas neoliberais que tantos males sociais e regionais têm causado a este país.

É para mim motivo de grande satisfação vê-lo agora numa quarta edição, como parte integrante de uma Coleção Comemorativa dos 30 anos de Economia da UNICAMP, a cuja direção agradeço.

Campinas, maio de 1998.