Data: 19 de novembro

Proposta: Hoje, nossas ações devem ter como marco de referência a crise global, a qual se expressa como aumento das dívidas, hiper consumo e degradação do ambiente, perda da qualidade de vida e da dignidade.

A crise deriva da visão que domina os espaços com recursos passíveis de gerar riqueza. A economia capitalista considera apenas uma variável: o lucro dos investidores. Essa visão estreita levou a destruição dos ecossistemas, a perda da biodiversidade e das funções ecossistêmicas, a genocídios, e, finalmente, as Mudanças Climáticas. Os estudos científicos indicam uma situação de risco de extinção para espécie humana.

No estudo da evolução da interface entre a natureza e os grupos humanos, precisamos recuperar algumas disciplinas científicas, incorporar ciências com visão sistêmica e utilizar novas abordagens de interação, tanto com as pessoas como com o meio ambiente.

A metodologia emergética permite fazer a contabilidade, o diagnóstico, a modelagem e a simulação de ecossistemas usando como unidade de medida a exergia solar equivalente (“emergia”). Ela permite avaliar os sistemas do passado, do presente e prever cenários. Foi desenvolvida por Howard T. Odum que se formou como zoólogo na Universidade da Carolina do Norte, atuou em previsão meteorológica na segunda guerra mundial e fez seu doutorado na Universidade de Yale, sob orientação de Hutchinson, um famoso limnologista estudando o ciclo biogeoquímico do Estrôncio, um elemento radioativo.

Howard T. Odum foi influenciado pelo seu irmão mais velho Eugene, um ecólogo que ajudou a fundar a ciência dos ecossistemas. Mobilizou conhecimentos de muitas ciências e usou implicitamente princípios da Termodinâmica em quase todas elas. Criou a ciência denominada Ecologia de Sistemas, com a qual estudou a interação entre espécies. Contribuiu na criação do centro de estudos sobre Política Ambiental na Universidade de Flórida, da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEEE) e da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa Emergética (ISAER).

A parte mais conhecida da metodologia emergética é a contabilidade ambiental, que se usa na avaliação do funcionamento anual de sistemas. Mas a ferramenta possui recursos para modelar e simular ecossistemas o que permite explicar o comportamento cíclico e as etapas de evolução observados nos sistemas reais e o efeito da degradação do meio ambiente nos colapsos sociais.

Depois de muitos anos de uso predatório dos ecossistemas do mundo e de impor um imaginário de expansão, opressão e monocultura, o capitalismo gerou uma crise que afeta o funcionamento da biosfera. A filosofia da competição excludente acabou com povos inteiros, florestas antigas e solos férteis, degradou rios, aquíferos, lagos e oceanos, mudou a atmosfera ao converter carbono sequestrado em dióxido de carbono e metano. Como reverter tudo isso?

A metodologia emergética ajuda a entender o que está ocorrendo e o que é possível fazer. Porém, é indispensável a interação com outras ciências de pequeno e grande escopo, como a Agroecologia, as ciências sociais e as geofísicas e os saberes populares. O planejamento é necessário, mas deve ser transdisciplinar e, nesta época, considerar o colapso geral. 

Expositor: Professor Doutor Enrique Ortega

O Professor Enrique nasceu na cidade do México em 1944 e atualmente mora em Campinas, São Paulo, Brasil.

Formou-se em Engenharia Química na Universidade Nacional Autônoma do México (1967). Fez mestrado e doutorado (1970 e 1990, respectivamente) na Universidade Estadual de Campinas. Foi contratado pela Unicamp como professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos, para atuar no ensino de Operações Unitárias. Após o doutorado criou a área de pesquisa “Interface entre Produção de Alimentos, Meio Ambiente e Sociedade”. De 1990 a 1995 colaborou com a Rede Ibero-americana de Engenharia de Alimentos e coordenou a comissão que organizou o Primeiro Congresso Ibero-americano de Engenharia de Alimentos, que foi realizado com sucesso em 1994 em Campinas.

Em 1995, começou a oferecer disciplinas sobre a metodologia emergética, a traduzir e publicar na internet publicações didáticas do Dr. Howard T. Odum e a orientar pesquisas de pós-graduação que utilizaram o conceito de emergia para valorar os recursos. Interagiu vários anos com os professores H. T. Odum, Elizabeth C. Odum e Mark T. Brown, em diversas visitas a Universidade da Florida e em vários encontros internacionais. Com eles desenvolveu um pós-doutorado em Ecologia de Sistemas. Também colaborou com o professor Sergio Ulgiati da Universidade de Siena em um projeto financiado pela União Europeia sobre refinarias de biomassa. Participou da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa Emergética e atuou com presidente da sociedade entre 2012 e 2014.

Possui experiência em Ecologia de Sistemas, Economia Ecológica e Engenharia Ecológica. Realizou muitas pesquisa sobre Análise Emergética de Sistemas Agrícolas e Agro Industriais, Diagnóstico de bacias hidrográficas, Modelagem e simulação de lagoas, rios e sistemas agrícolas, de produção animal e florestal, Preparação software on-line para certificação de sistemas rurais, Medição do desempenho termodinâmico e social de sistemas de produção de alimentos, Estudo de sistemas integrados de produção de alimentos, energia e serviços ambientais, Cálculo do valor dos serviços ambientais e das externalidades negativas na agricultura.

Mesmo aposentado, atua como colaborador voluntário no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos da Unicamp. Seu trabalho principal é a conversão dos materiais didáticos de duas disciplinas de pós-graduação (TP 334 Avaliação Ecológica de Sistemas Agroindustriais e TP004 Modelagem e Simulação de Ecossistemas) em videoaulas para divulgar os conhecimentos básicos da metodologia emergética. Trabalha em casa durante a pandemia e participa de encontros virtuais sobre temas de seu interesse. Atualmente revisa relatórios de pesquisa de alunos para publicar artigos em publicações especializadas.

Link para participar: https://youtu.be/jvrJ5yY5sHs