Alfredo Saad Filho e Fernanda Feil | Carta Capital 

O maior desafio que a humanidade enfrentará neste século é sem dúvida a crise climática. O desastre é quase inevitável. As emissões antropogênicas de gases de efeito estufa (GGE) já aumentaram a temperatura global em pelo menos 1ºC desde a revolução industrial, e as tendências atuais sugerem que poderiam subir – num caso extremo – até 6ºC até 2100. Nos anos vindouros, o mundo se defrontará com uma sucessão de calamidades ambientais cada vez mais intensas e frequentes, e que já têm se feito presentes: incêndios florestais, furacões, calor abrasador, aumento incremental do nível do mar, e assim por diante. As péssimas notícias não param por aí – o espaço temporal de ação para reduzir as emissões de GEE e limitar o aquecimento global a 1,5°C, ou mesmo 2°C, até o final do século, conforme foi estabelecido pelo Acordo de Paris, está se fechando.

Minimizar os efeitos da crise climática requer alterações drásticas e imediatas nos padrões de produção e consumo. Essas mudanças envolvem investimentos de longo prazo em novos setores produtivos, inovações e transformações políticas e econômicas. Centenas de bilhões de dólares terão que ser alocados para desenvolver novas tecnologias em energia limpa, maior eficiência no transporte, agricultura sustentável, e transformações verdes na produção, consumo e reprodução social. Em particular, a transição verde sustentável precisa de uma ruptura tecnológica para atender à demanda de energia do planeta. A transição requer, portanto, um esforço coletivo que tenha como objetivo central a missão de transformar uma sociedade altamente poluente e destrutiva do meio-ambiente em uma sociedade sustentável em termos ambientais, num curtíssimo espaço de tempo.

Os desafios são enormes e a coordenação dessa transformação demanda uma ação do Estado que não condiz com o atual sistema de acumulação neoliberal financeirizado – as exigências impostas são incompatíveis com a inclinação neoliberal rumo à coordenação econômica através de mecanismos ditos “de mercado” – o que, na prática, implica a supremacia das instituições financeiras acima da coordenação centralizada pelo Estado.

 

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