Tereza Campello e Paulo Jannuzzi | Diplomatique Brasil

O enfrentamento da pobreza e das desigualdades seguirá sendo um dos maiores desafios da humanidade no período pós-Covid-19.  Já eram antes da pandemia, como revelam os compromissos assumidos para redução da fome e da pobreza em 2000 na Agenda de Desenvolvimento do Milênio, e depois reiterados na Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas em 2015. Os efeitos diferenciados da pandemia em termos de óbitos, condições de vida da população, emprego e produção econômica entre países expõem o estágio mais avançado ou mais atrasado em que eles se encontram no cumprimento dos objetivos dessa agenda.

No caso brasileiro as consequências humanitárias e os efeitos desastrosos da pandemia, decorrentes da imperícia na gestão da crise sanitária, atingiram o país no pior momento, quando é incontestável a regressão no enfrentamento da pobreza e da desigualdade, pelos efeitos de cinco anos de primado de austeridade fiscal na gestão das políticas públicas.

Triste e lamentável, pois a situação poderia ser muito diferente pelo legado de políticas públicas e capacidade de gestão deixado nas duas décadas anteriores. Queda da pobreza, da desigualdade social e melhoria de várias dimensões das condições de vida no Brasil ao longo de 2000 a 2014 é um aspecto reconhecido por diversos pesquisadores e instituições, aqui do país e do exterior, por relatórios de agências das Nações Unidas como a FAO, Cepal e PNUD e organismos multilaterais de fomento como Banco Mundial e Banco Interamericano. Os estudos e analistas podem dar diferentes pesos e gradações que conferem ao papel das políticas sociais, das decisões internas de política econômica e do cenário econômico internacional nos avanços sociais observados, mas não podem negar as evidências que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE veio apontando anualmente até 2015. De fato, qualquer que seja a linha monetária utilizada, a diminuição da pobreza foi expressiva ao longo dos anos 2000 a meados da década seguinte (Gráfico 1). Pela linha internacional de pobreza (3,2 dólares ppc – poder de paridade de compra com os EUA), esta caiu de 47 milhões em 2002 para menos de 22 milhões de brasileiros em 2015.

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