Paula Sarno e Carmen Feijó | Carta Capital

 

A inclusão financeira das famílias, via acesso a crédito, tem sido uma característica marcante na economia brasileira desde 2005. Tal processo, no entanto, foi assumindo motivações e características bem diferentes com consequências também distintas sobre a vida das famílias. O objetivo desta nota é apresentar uma análise dos indicadores de fragilidade financeira para explicar mais claramente as diferenças entre esses diversos momentos.

Numa primeira fase, destacou-se o papel do crédito em estimular o consumo das famílias e o crescimento da economia. A expansão do endividamento e do comprometimento da renda das famílias com o serviço de dívidas numa fase ascendente do ciclo econômico implicou um aumento no padrão de vida das famílias. O quadro mais recente é, porém, bastante diferente. Desde a recessão de 2015/16, o contexto é de estagnação econômica, reforçada pela desmobilização de políticas públicas, em especial na área da saúde, e, posteriormente, os efeitos da pandemia, e, ainda, a partir de 2021 inflação e elevação da taxa de juros.

Nesse segundo momento diferentemente da trajetória do crédito às empresas, o crédito livre direcionado à pessoa física pelas instituições financeiras em relação ao PIB não apresenta queda, tendo se mantido praticamente estável de 2017 a 2018, e assumindo uma trajetória de crescimento a partir do final de 2018, passando de 13,6%, em dezembro de 2018, para 18,2%, em setembro de 2022. No contexto de estagnação econômica, o aumento do crédito expandiu o endividamento e o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida Agora, porém, ao contrário da primeira década dos anos 2000, num contexto de queda da renda e de piora nos indicadores de fragilidade financeira.

 

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