Daniela Magalhães Prates, Maryse Farhi e Saulo Abouchedid | Diplomatique Brasil

Um dos temas econômicos do debate eleitoral entre os candidatos à presidência refere-se ao direcionamento de parte das reservas internacionais, seja para o pagamento da dívida pública, seja para o financiamento de investimentos no setor de infraestrutura (ver artigo de Ricardo Carneiro e Guilherme Mello). Essas propostas têm em comum a hipótese que a economia brasileira teria atualmente um estoque de reservas internacionais superior ao necessário.

Este artigo não pretende discutir a pertinência ou não desse direcionamento, mas chamar atenção para alguns aspectos negligenciados nesse debate que dizem respeito às justificativas para a necessidade de acúmulo de reservas internacionais e às métricas utilizadas para mensurar o seu nível adequado e, portanto, seu suposto excesso.

No sistema monetário e financeiro internacional contemporâneo, caracterizado pela alta mobilidade de capitais e por uma hierarquia de moedas na qual o dólar é a moeda-chave, as reservas internacionais são um “colchão de segurança” que reduz o risco de crises cambiais provocadas pela saída maciça de divisas em países que não emitem moedas aceitas internacionalmente e que possuem um elevado grau de abertura financeira. A necessidade de constituir esse colchão tornou-se evidente após as crises financeiras das economias emergentes nos anos 1990. Após essas crises, os governos de várias dessas economias, dentre os quais a brasileira, passaram a perseguir a estratégia que ficou conhecida como “demanda precaucional por reservas”. Todavia, essa estratégia tem um custo que equivale ao diferencial entre a taxa de juros externa que remunera as reservas (predominantemente aplicadas em títulos do Tesouro norte-americano) e a taxa de juros interna que incide sobre as chamadas operações de esterilização do impacto monetário da aquisição de divisas pelo banco central de cada país. Vale lembrar que no caso Brasil esse custo foi muito expressivo até recentemente devido ao patamar da nossa taxa de juros básica, em geral a primeira ou segunda mais elevada entre os países emergentes.

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