Giorgio Romano Schutte e Reinaldo Campos | Diplomatique Brasil

Em meio à turbulência com a saída de capitais de curto prazo da economia nos últimos tempos, a balança comercial brasileira se manteve relativamente estável. Em grande parte, devido à persistência das exportações para a China, que chegaram, em maio, a representar 40% do total nacional,frente a um patamar de 35% no mesmo mês do ano passado. Os destaques continuam sendo a soja, o petróleo e o minério de ferro. O bom desempenho do setor primário também camuflou mais uma vez a contínua perda dos industrializados na pauta exportadora.

A pergunta que surge é até que ponto essa relação é sustentável diante das crescentes manifestações pouco amistosas por parte de autoridades do governo brasileiro em relação ao país asiático. As contradições entre os discursos político-ideológicos à la Trump e a realidade de uma crescente simbiose na relação econômica entre o Brasil e a China podem refletir uma deliberada ambiguidade ou uma esquizofrenia com potencial disruptivo.

Há algum tempo, a própria representação chinesa no Brasil, por meio da sua Embaixada, critica as gratuitas ofensas, mas sem qualquer consequência prática. No dia 22 de maio deste ano, o renomado jornal South China Morning Post publicou um artigo a respeito da necessidade da China diminuir sua dependência de importações de soja dos EUA e do Brasil, considerando que as relações com ambos teriam piorado muito. A reportagem menciona a necessidade de se apostar em uma política de diversificação de fontes, mencionando Rússia e países integrantes da Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative), também conhecida como Nova Rota da Seda. Nesse contexto, o prof. Li Wei da Universidade Renmin de Beijing citou explicitamente as infundadas críticas do governo brasileiro às políticas adotadas pela China para conter a pandemia do novo coronavírus.

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