Junico Antunes, Luís Felipe Maldaner, João Furtado e Carlos Henrique Horn | Carta Capital

 

O primeiro desafio da política industrial para 2023 e depois é reconhecer que os fatos impõem seu necessário desdobramento em dois tempos: um tempo imediato para recobrar rapidamente as condições de produção deterioradas nos últimos anos e um tempo para conceber, negociar e implementar a substância de uma política que reverta a já longa tendência de desindustrialização e especialização regressiva do aparelho produtivo nacional.

Os propósitos da recuperação de condições saudáveis de funcionamento da indústria, aqueles a que deve ser dada prioridade no primeiro tempo, poderiam ser considerados mera política econômica afeita àquilo que costuma estar no âmbito da fazenda pública, mas sustentamos que devam ser incluídos aí, diretamente, imediatamente, elementos que são mais típicos de uma política industrial: capacitação (de empresários e trabalhadores), modernização produtiva, eficiência energética, redução de impactos ambientais, promoção de exportações, ações cooperativas; enfim, um leque de iniciativas que não são de mera retomada, mas incluem elementos de transformação.

Uma política industrial mira a transformação produtiva e ela dá-se, preponderantemente, pelos investimentos. Nesta etapa inicial, todavia, é muito difícil que ocorra uma ativação dos investimentos, mesmo que o governo federal pudesse deslanchar imediatamente um programa que puxasse o nível de atividade econômica. Por isso, o melhor que se pode esperar no curto prazo é uma combinação de recuperação dos níveis de produção e esforços de capacitação, gestão e modernização, sem ambições maiores quanto aos volumes de investimento em novas capacidades de produção.

 

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