Giorgio Romano Schutte | Le Monde Diplomatique Brasil

O que se está assistindo neste início de governo Biden é a montagem de uma grande estratégia. Nesse aspecto, cabe a comparação com o governo Ronald Reagan, que reorganizou a hegemonia estadunidense em moldes conservadores de ponto de vista social e neoliberal na esfera econômica. Enquanto Reagan deixou claro que o Estado não seria a solução, mas parte do problema, para Biden, agora o Estado é quem deve liderar as respostas. E ambos venceram eleições após presidentes (respectivamente, Jimmy Carter e Donald Trump) que não conseguiram juntar as pontas e apresentar políticas coerentes, e por isso não conseguiram se reeleger.

As políticas colocadas em prática por Joe Biden vão claramente muito além do que sair o mais rápido possível da pandemia e consertar os danos causados por ela na economia e no tecido social. O presidente norte-americano compreendeu que se abriu uma oportunidade única para atacar alguns problemas de fundo que surgiram com o esgotamento da era neoliberal, que mostrou sua fragilidade na crise de 2008, deixando para a China o papel principal de estimular o crescimento global.

A China, sob a liderança do Xi Jinping, assumiu sua nova posição com muita determinação, apostando na possibilidade de conduzir um novo ciclo de investimentos em tecnologias disruptivas com a inteligência artificial, robótica avançada, 5G, entre outros. Desde o governo de Barack Obama, que falou, em 2011, em “Sputnik moment”[1] e sobretudo na disputa entre Hilary Clinton e Donald Trump, em 2016, os Estados Unidos estavam buscando um caminho para reagir. E de Make America Great Again a America is back, o sentido é o mesmo: um reconhecimento que é preciso revitalizar o capitalismo estadunidense para manter sua hegemonia.

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