Ernani Torres | Valor 

 

As sanções financeiras contra a Rússia assustaram os mercados financeiros. Os EUA subitamente proibiram os russos de continuar a usar o dólar em suas transações externas e congelaram suas reservas internacionais. Essas medidas levaram a indagações interessantes. A primeira delas é por que os Estados Unidos podem fazer isso unilateralmente, se há tantas outras moedas também usadas para pagamentos internacionais. A segunda é qual a capacidade de a China poder, com sua moeda, compensar o estrago que está sendo imposto aos russos. A terceira é se seria possível montar uma nova ordem monetária multilateral.

As dúvidas que embasam a primeira pergunta normalmente partem de uma visão de que a hierarquia entre moedas internacionais é fruto da competição por oferecer a usuários estrangeiros serviços de melhor qualidade e menores custos. Competitividade seria assim a principal razão da dominância do dólar. Portanto, o acionamento da “bomba dólar” teria uma eficácia efêmera, já que os países alvos poderiam optar por outras moedas, além de gerar riscos políticos que minariam no tempo seu uso internacional.

Essa visão ignora dois aspectos importantes. Moedas não são mercadorias quaisquer, mas ativos específicos - ouro, papel, depósitos - a que os Estados atribuem a capacidade de sempre liquidarem definitivamente obrigações financeiras essenciais, tais como impostos e dívidas. A isso se soma a obrigação imposta pelos governos de os agentes econômicos terem que honrar suas dívidas, sob pena de as empresas poderem ser condenadas à morte (falência), e as famílias a enfrentarem dificuldades para atender suas necessidades básicas, a chamada de “Restrição de Sobrevivência” de Hyman Minsky.

 

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