André Calixtre | Diplomatique Brasil

A Razão de Estado enlouqueceu no Brasil? O choque não deveria surpreender mesmo aos que se omitiram nessas eleições de 2018, pois Jair Bolsonaro está fazendo exatamente o que se espera de qualquer governante eleito numa democracia: construir um governo à sua imagem e semelhança. E é essa imagem grotesca de um presidente pós-midiático que ganhou as eleições a partir da exploração do que há de pior nos brasileiros e que vai moldando as decisões ministeriais do novo governo. No entanto, o Brasil sempre foi mais zeloso por sua imagem hacia afuera do que hacia adentro, e a indicação do autodenominado “futuro chanceler” Ernesto Araújo pareceu cruzar alguns limites que ainda restam diante da desorganização institucional delineada para 2019.

Os fortes sinais estavam dados. Durante a campanha, o clã de Bolsonaro manteve estreita relação com o ideólogo da direita neofascista norte-americana Steve Bannon e recebeu amplo apoio do grande guru do pensamento neoconservador brasileiro, o ex-filósofo, ex-astrólogo, ex-muçulmano (!) e cowboy da Virginia, Olavo de Carvalho. O nome do recém-ministro de primeira classe Araújo circulou fortemente nesses meios, em especial por causa do artigo publicado em 2017 no 6º número dos Cadernos de Política Exterior do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de Gusmão, ligado ao Itamaraty. Nesse artigo, denominado “Trump e o Ocidente”, Araújo revela com imensa clareza a estrutura de seu pensamento sobre política internacional e como a eleição de Donald Trump representaria um marco na defesa do Ocidente como um modo de vida.

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