Elias Jabbour | Diplomatique Brasil

Após anunciar o fim do Ministério do Trabalho, via incorporação em outra pasta, Bolsonaro incorre em novo recuo mantendo a referida pasta ministerial. Mas não nos enganemos, com ao menos um esvaziamento da pasta. Porém, uma das características fundamentais de Bolsonaro, e dos que o cercam, está na nitidez de princípios, meio e estratégia. E não somente. Soma-se a esse atributos alguns outros, sendo o principal o claro senso e ímpeto de poder político a ser exercido.

As contradições são parte essencial de todo e qualquer projeto, mas é objetiva a reunião de forças em torno de um projeto ultraliberal e disposto a enterrar todo e qualquer rastro, não de “comunismo”, e sim de socialdemocracia. O meio para isso? A “despolitização”, ou nas palavras de Karl Polanyi, a desregulamentação das três mercadorias fictícias: o trabalho, a terra e o dinheiro. Assim criando as condições institucionais que tornariam a financeirização completa da economia brasileira um caminho de difícil volta.

O caminho intelectual para essa abordagem sobre o “micro-Estado” remonta há mais de trezentos anos com John Locke em seu Segundo Tratado do Governo (1688), onde a naturalização da desigualdade, a legitimação da propriedade privada e o consequente surgimento do mercado de trabalho servem de base à despolitização de uma invenção recente à época: o dinheiro. Daí a noção religiosa tanto da “neutralidade da moeda” quanto a deturpação a que foi submetida a Teoria Quantitativa da Moeda criada por Willian Petty, com o objetivo funcional de auxiliar os mecanismos relacionados ao processo de racionalização das contas nacionais.

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