Leonardo Sakamoto | No UOL

Uma das justificativas usadas na defesa da proposta de Reforma da Previdência – que, aprovada pela Câmara dos Deputados, agora tramita no Senado Federal – é que os aposentados por tempo de contribuição causam prejuízo ao sistema de seguridade social e são privilegiados em relação aos mais pobres que já se aposentam por idade. Ou seja, ao se aposentarem com 35 e 30 anos de contribuição, respectivamente, homens e mulheres pesariam sobre os cofres públicos pois permaneceriam muito tempo recebendo aposentadorias e manteriam acentuada a desigualdade social no Brasil.

Essa justificativa foi questionada pelos economistas e pesquisadores Pedro Paulo Zahluth Bastos, Ricardo Knudsen, André Luiz Passos Santos e Henrique Sá Earp, em nota do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), ligado ao Instituto de Economia da Unicamp. Zahluth e Knudsen conversaram com o blog. Eles defendem o contrário, que fazendo os cálculos de forma correta, quem se aposenta hoje por contribuição acaba pagando bem mais do que retira. E que o sistema é mais progressivo, ou seja, é um instrumento de Justiça social que faz com que os que ganham mais ajudem a financiar quem ganha menos.

Em outras palavras, o governo acredita que a grande economia virá da redução do valor total dos benefícios, fazendo com que a pessoa receba por menos tempo, aposentando-se aos 65 anos. Segundo os pesquisadores, isso é falso. Porque o valor total dos benefícios aumenta ligeiramente quando se compara com a idade média das aposentadorias por tempo de contribuição hoje, aos 55 anos, pelo efeito do Fator Previdenciário. A "economia" viria das outras mudanças, como cálculo do benefício. Mas essas alterações, de acordo com eles, são compatíveis com a aposentadoria por tempo de contribuição e com o Fator Previdenciário, não seria preciso, portanto, introduzir a idade mínima.

Para eles, a reforma no sistema de previdência urbano não é apenas injusta, regressiva, iliberal, mas incompetente e contraproducente para melhorar as contas públicas.

Veja a entrevista completa aqui.