MÍDIA

Douglas Gravas | Folha de São Paulo

Com classificações que vão de "receituário neoliberal fracassado" à "amnésia seletiva petista", analistas comentaram a série de artigos publicada pela Folha nesta semana, na qual economistas detalham o pensamento econômico de pré-candidatos à Presidência da República.

A série contou com o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Nelson Marconi, que coordenou o programa de governo de Ciro Gomes (PDT) em 2018; em seguida, o ex-ministro da Fazenda e atual secretário da Fazenda e Planejamento do governador paulista João Doria (PSDB), Henrique Meirelles, discutiu os temas econômicos caros ao tucano.

Depois deles, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega destacou legados dos governos petistas e planos para um novo mandato do ex-presidente Lula (PT). Já o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore falou sobre o pensamento econômico que sustenta a pré-campanha do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos).

As críticas dos economistas aos artigos vão desde a suposta volta ao passado proposta por Mantega, caso o favoritismo do ex-presidente Lula nas pesquisas se confirme nas urnas, à continuidade de um receituário de reformas que não mostrou resultado e estaria presente nas análises de Meirelles e Pastore.

No caso de Guido Mantega, o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Pedro Paulo Zahluth Bastos argumenta que o ex-ministro reafirma as características básicas do programa de Lula e vai no sentido de privilegiar o investimento público.

"Isso é essencial e é o que estão fazendo os países da OCDE. Sem expandir o gasto público não é possível tirar a economia do patamar atual de baixo crescimento, como mostram os últimos seis anos no Brasil."

Ele pondera que o ex-ministro Mantega é vago sobre o futuro do teto de gastos e das reformas feitas por Michel Temer e Jair Bolsonaro. Bastos pontua ainda que o artigo também não toca em questões ambientais, tema que será importante para quem ganhar a Presidência.

Sobre o texto de Marconi, ele avalia que existe uma ênfase excessiva no setor industrial, e critica o peso dado a políticas locais. "No caso de uma economia fortemente internacionalizada como a do Brasil, é preciso ter políticas setoriais combinadas", afirma.

"Meirelles é o mais vago de todos e faz uma reafirmação da Ponte para o Futuro, programa do governo Temer que se mostrou um fracasso. Ele propõe o avanço de novas reformas, mas a reforma trabalhista de Temer não reduziu a desigualdade e nem trouxe crescimento, por exemplo."

Bastos também considera que o artigo de Pastore mostra um preconceito com políticas industriais e setoriais que são largamente utilizadas pelos países desenvolvidos. "Ele deixa o gasto com infraestrutura somente para concessões privadas, sem dizer como elas poderiam ocorrer."

Leia a notícia completa aqui.