MÍDIA

 

Eliane Bardanachvili | CEE-Fiocruz

 

Estamos vivendo um novo tempo histórico, um período que, portanto, não deve ser analisado pelas mesmas lentes que, até aqui, haviam se mostrado adequadas. É preciso pensar algo novo, porque se trata de outra sociedade, defende o economista Marcio Pochmann, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nesta entrevista ao blog do CEE-Fiocruz. “O debate sobre a reforma trabalhista me parece muito pobre”, diz Marcio, que foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2007 e 2012, e da Fundação Perseu Abramo, de 2012 a 2020. “Deveríamos estar tratando não de refazer a CLT, constituída em 1943, no projeto de construção de uma sociedade urbana, salarial, mas sim de se criar uma CLT digital, porque é disso que se trata o trabalho do presente e do futuro”.

 

Em seu recém-lançado livro O neocolonialismo à espreita: mudanças estruturais na sociedade brasileira (Sesc, 2022), o professor busca “interpretar o Brasil” neste primeiro quarto do século XXI, reunindo aspectos econômicos e sociais que levam a entender que estamos diante de uma “mudança de época”, observada a partir do último quarto do século XX, com a “transição pelo alto” da ditadura civil militar para a democracia e o ingresso do Brasil “de forma passiva e subordinada” na globalização.

 

“O Brasil cancelou seu futuro”, considera Marcio, apontando “uma desistência histórica das elites dirigentes” de insistir em um projeto de industrialização nacional para o país. “Nós nos transformamos em um grande mercado de consumo”, avalia. “É uma mudança de época que exige uma contra-elite, uma nova cultura, que reconheça que o futuro existe”, propõe.


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