Pedro Paulo Zahluth Bastos e Danilo Araujo Fernandes | Revista Focus

 

A COP 27 no Egito, ocorrida em novembro passado, não foi um avanço inequívoco na luta contra a emergência climática. Por um lado, os interesses contrários à descarbonização do sistema energético venceram ao barrar novo compromisso genérico de eliminar gradativamente o uso de gases de efeito-estufa em futuro longínquo, além de moderar o compromisso existente relativo ao carvão.

Por outro lado, as nações que enriqueceram com uso de combustíveis fosseis desde a Revolução Industrial finalmente aceitaram contribuir, um dia, para um fundo compensando “perdas e danos” das populações pobres que habitam territórios já dominados por impérios europeus, mas que nada ou quase nada contribuíram para a emergência climática que os afeta com muito mais severidade. No entanto, os países ricos rejeitam qualquer responsabilidade formal de indenização pelo problema histórico das emissões acumuladas na atmosfera.

Tampouco aceitam compensar os menos pobres entre os países que há 200 anos escaparam da condição colonial para se tornarem mercados de exportações industriais que, por décadas, se concentraram nas antigas metrópoles imperiais. Ao contrário, pedem que países como o Brasil contribuam para o fundo, enquanto arcam por si próprios com enchentes, de um lado, e processos de desertificação, de outro. Esquecem que as secas nordestinas são um dos primeiros efeitos ecológicos não só da expansão colonial europeia, como também da Revolução Industrial, como o grande historiador Mike Davis (1946-2022) explicou em páginas brilhantes.

 

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